“Às vezes o homem prefere o sofrimento à paixão.” Dostoiévski.
Um retorno glorioso, talvez não um que estivéssemos
esperando.
A construção tensa distorcida,
fervendo a uma temperatura onde parece que vai entrar em colapso pelo seu
próprio peso... Aquelas imensas placas de fundição do baixo, lotando seus
alto-falantes, batendo de frente como uma tonelada de tijolos de chumbos. Esse
pressentimento sinistro de queda, deixando-o mergulhado nos trabalhos violentos
promovidos pela guitarra em arco... É uma introdução que ouvintes tem se
acostumado nos últimos meses, ainda assim a familiaridade não faz nada para
amortecer o impacto formidável uma vez que o som é posto em movimento. De forma
mais significativa, essas denso choque industrial acena essencialmente para a
sinalização do retorno ao Sigur Rós que
conhecemos e amamos; a recepção morna conferida ao retorno em Valtari mal teve tempo de se dissipar. É
quase como se aquele LP fosse meramente uma provocação- um discreto lançamento
concebido para conter as expectativas e estimular os apetites antes da
verdadeira reemergência de uma das grandes bandas do nosso tempo.
É claro, há um bocado mais sobre Kveikur e sua criação surpreendentemente
rápida, mas um fato que inquestionavelmente teve efeito é a partida do membro
multi-instrumentista Kjartan Sveinsson. Embora um elemento importante
que rendeu Ágætis byrjun, ( ) e Takk, não poderia ser mais óbvio que sua
partida teve um efeito de revestimento no grupo- o trio reminiscente tendo
quebrado audivelmente seus grilhões metafóricos e embarcado em aventurosas
novas avenidas sonoramente e em termos de composição. O resultado final é o
tipo de gravação que os fãs queriam desde a conclusão de seu período dourado.
Longe de o falso amanhecer que alguns temiam, a gigantesca faixa inicial é um
sinal infalível de que alguma coisa muito maior estava se formando!
Talvez toda a familiaridade com
as tentativas da banda, foi o que ao invés de afastar os fãs, tornou Kveikur um corpo de trabalho tão
digestivo. Esse não é um álbum que você precisa absorver em um quarto escuro,
ou investir incontáveis horas para apreciar. Na verdade, mais do que demandar
tanta aplicação, este é aquele que forçosamente se faz ouvir; com uma medida
igual ambiciosa e confortável em sua própria pele, e acima de tudo, que é um
prazer para nós, meros mortais, explorar! Levaram oito anos e dois estranhos
interlúdios para que a bateria deles fosse recarregada, mas as frustrações de
qualquer fã persistente certamente irá se esvair no momento que essa assustadora
obra-prima arrasta-se sedutoramente para dentro dos ouvidos.
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