“Águas moventes,
A mulher é o ventre
Onde a morte
À vida permanece
presa”, Maria Lúcia Dal Farra.
Gracioso e sutil, ainda assim simples e elegante; Joie De Vivre deixa sua marca!
Eu sempre fui fascinado pelo
pintor romântico espanhol Francisco Goya. Você talvez reconheça suas peças mais
populares com a representação da Guerra Civil Espanhola, na tela El Tres de Mayo 1808, ou o trabalho
pressentido (e agora disputado) El Coloso,
mas o que mais me interessa é o mundo obscuro que começou a se manifestar em
suas pinturas. Intensos e insanos, os trabalhos que ele rabiscou na parede de
sua residência, Quinta Del Sordo,
eram tão pessoais que nunca foram criados para serem vistos pelo resto mundo
(felizmente vimos!). Temas de horror e mortalidade eram lugares comuns para
Goya, um homem sofrendo de surdez. Mais do que se tornar um simples conturbado,
as “pinturas negras” de Goya deixaram a impressão distinta de um homem
solitário, em seu próprio mundo pequeno. A comparação não é perfeita, é claro,
mas a solidão distinta e narrativa pessoal de Goya surge muito semelhante à
jornada introspectiva do Joie De Vivre,
em seu primeiro álbum cheio, The North
End. Sim, obviamente o álbum do Joie
De Vivre foi criado para ser compartilhado com o mundo (e deveria ser), mas
The North End, de uma maneira
integral, cria uma tela branca de tédio, letargia e até mesmo ambiguidade assim
como o artista espanhol do século dezenove.
Efetivamente, é fácil para eu ver
porque tive essa ânsia de comparar Joie
De Vivre com Francisco Goya quando o trompete solitário me atinge. The North End é um álbum inteligente e
pessoal, que claramente desenha contornos de conexões pessoais para um ouvinte
sortudo! No seu núcleo e suavidade, The
North End impressiona não por prover outro clone típico do SDRE, mas ao
invés disso esculpe um caminho “tão sutil” para a banda, investigando a psique
do ouvinte.
(E também Joie De Vivre é o novo Mineral. Não precisa falar mais nada, não é?!).
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