“[...]mas o que apenas
vive
Apenas pode morrer.
As palavras, depois de ditas,
Alcançam o silêncio. Apenas pela forma, pelo
molde,
Podem as palavras ou a música alcançar
O repouso, tal como
uma jarra chinesa ainda
Se move perpetuamente no seu repouso.” T.S
Eliot
Em 1988, com a história do jazz
livre norte-americano e espiritualismo tendo sido escrita aparentemente décadas
anterior, o saxofonista tenor Charles
Gayle apareceu na cena de gravação. Em seus quarenta e tantos anos na
época, ele tinha estado tocando em metrôs e nas ruas de Nova Iorque desde a
década de 70 e fazendo raras aparições em concertos. Gayle surgiu em Buffalo;
o baixista Buell Neidlinger lembrou
que, em 1968, numa apresentação com o colega saxofonista Andrew White, Gayle era uma força especialmente forte
e de alguma forma misteriosa.
O pouco ascético Gayle e a natureza plena de sua música
permanecem um enigma; a música é exuberante e quente, cheia de perfurações
instáveis, gritos, mas há também um cansaço do mundo em seu tom, e, nos últimos
anos, um galope suave para ritmos coletivos que seus grupos colocaram a diante.
Streets é o primeiro lançamento de Gayle pela jovem gravadora do Brooklyn, Northern Spy, que tem lançado
gravações de música improvisada como Jooklo
Duo e the Chicago Underground Du.
Ele é acompanhado pelo baixista Larry Roland e pelo baterista Michael T.A. Thompson, para sete
originais nas quais Gayle está
presente como Streets, a persona palhaço/mímico que gradualmente
se tornou sempre presente em suas performances. É claro, “Streets” só é visível na arte da capa- não há nada teatral,
particularmente, sobre essas performances. Mas como o próprio Gayle colocou para o Village Voice “Há algumas coisas que
acontecem quando [as roupas de Streets]
estão vestidas- coisas boas. Eu não vou machucar ninguém”. “Streets” é tão parte da música quanto a
música vem do “Streets”.
Uma gravação especial para Gayle, Streets encontra um ponto doce no panteão de suas gravações- a
saber, reconhecendo o fogo e odor dos trabalhos passados, os quais ainda
encontram-se no corpo do mais recente lançamento, enquanto cortando para a
paciente inventividade “bopista” que
tem caracterizado as excursões mais recentes. Quando vigor e cálculo podem
trabalhar junto perfeitamente, o resultado não é nada menos que primoroso!
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