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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

As partes escondidas da Filadélfia, uma conversa com Baltimore Cults

Bandas aos montes têm lotado a cena da Filadélfia. Para você que não sabe disso, assista abaixo “My Basement is a Shithole” e fique impressionado como a ética punk do “faça você mesmo” ainda vive por lá, sendo abrandada com estilos musicais diversos que dialogam nas mais variadas vertentes, desde math rock, pós-rock, emo, screamo, twinkly, etc.

Abrindo a carreira do Baltimore Cults, surge Parts Uknown, um EP que flerta com o que de melhor tem a cena acima citada. Representando e bem o que tem acontecido por aquela região, há um contrabalanço entre uma veia mais melancólica e outra que enaltece a fertilidade dos acontecimentos na juventude.

O baixista John e o vocalista/guitarrista Sean foram realmente legais e aceitaram falar comigo, um pouco sobre o último EP, bastante sobre as coisas que acontecem nesse exato instante na Filadélfia. Nessa conversa é possível perceber porque o emo (aka: true emo), tem existido de maneira completamente independente de grandes e médias gravadoras e porque as apresentações nos porões norte-americanos devem ser tão boas quanto dizem.


Vocês podem acessar o bandcamp deles aqui:  http://baltimorecults.bandcamp.com/
Vocês podem acessa o facebook deles aqui: Baltimore Cults Facebook

Quais são as partes escondidas da cena emo da Filadélfia?

John: Hmm, boa questão! Eu acho que muitas amizades são criadas através dos shows na Filadélfia, e isso é uma coisa que você talvez não possa ver na superfície, pelo menos não de uma perspectiva externa. Assim, alguém pode dizer que toda cena tem isso, mas sei lá, há algo sobre os shows na Filadélfia. Um exemplo: Eu estava em um show não muito tempo atrás, e um cara que eu não conhecia começou uma conversa comigo. Acontece que ele ama a vibração musical da Filadélfia e se mudou de Nova Iorque para morar aqui e experimentar isso diretamente. Isso é algo que tenho ouvido mais e mais ultimamente, o que acho que seja a coisa mais legal. Eu tenho muito orgulho da Filadélfia, seus defeitos e tudo, e ouvir coisas como essas me deixam feliz e orgulhoso de poder chamar a Filadélfia de lar.

Sean: Eu sinto muitas vezes que são as bandas que não têm recebido muito rumor da internet ou estão mantendo suas cabeças baixas e fazendo shows. A cena é um lugar muito legal agora e eu sinto como se as cosias estão começando a mudar em termos sonoros. Sei lá, a maioria das vezes eu me sinto com muita sorte de estar perto de tudo isso.

 Como foi o processo de gravação do EP Parts Uknown?

John: Honestamente, o processo de gravação dessa vez foi tão relaxante e aconteceu muito naturalmente. Nós gravamos no Headroom com Joe Reinhart, e ele tornou o processo indolor. O ambiente estava ótimo e nós tivemos uma sessão muito relaxante. Nenhuma vez nos sentimos como se estivéssemos forçando algo ou apressando para ter alguma coisa feita. Eu acho que isso realmente ajudou a formar uma sessão que nós ficamos realmente orgulhosos.

Sean: Foram bons momentos, especialmente no último dia de mixagem quando a banda estava filmando um vídeo musical literalmente do lado de fora da porta. Foi uma ótima experiência, nós mudávamos constantemente o conceito que o EP abordaria. Nós tínhamos material o suficiente para tentar e gravar um álbum cheio, mas nós decidimos fazer tudo há tempo com um número menor de canções e eu acho que foi a decisão correta.

Vocês se apresentam muito ao vivo? Qual é a reação do seu público?

John: Na verdade, nós não temos nos apresentado muito. Durante os meses de aula, dois dos cinco membros estudam há 200 milhas de distância, então decidimos que gastaríamos nosso tempo praticando e escrevendo e escrevendo e praticando (nós realmente fazemos muito isso). Nós tocamos com bastante frequência quando estávamos no colégio, mas nosso som definitivamente mudou desde aquela época, então nós decidimos esperar até ter um novo material antes de começar a tocar novamente. Nós estamos programados para nos graduar esse ano, então planejamos começar a tocar novamente nesse verão com nosso novo material.

Sean: Chequem o Robins (robins.bandcamp.com) e os veja sem contra baixo perto de você ! (se você está perto da Filadélfia...).

John: Robins é a banda para qual eu escrevo. É basicamente o Baltimore Cults se o Baltimo Cults estivesse obcecado com o midwest emo ou screamo.Nós nos apresentamos com mais frequência porque moramos mais próximos à cidade, mas eu estou amarradão para que os garotos terminem as aulas e os Cults possam tocar de novo!

Quais são as coisas que vocês aprenderam estando em uma banda que nunca aprenderiam em uma porcaria de trabalho cotidiano?

John: Eu acho que estar em uma banda nos ensinou como lidar efetivamente com conflitos. Estar com as mesmas pessoas diariamente pode começar a ter seus empecilhos, mas tocar numa banda com meus melhores amigos faz disso algo mais fácil. Uma vez que todos somos amigos, nós não deixamos os problemas nos importunar, nós lidamos com eles assim que eles brotam porque podemos ser honestos uns com outros. Eu acho que a resolução dos conflitos é a maior aplicação para o mundo real que estar numa banda me ajudou. Porra, se eu não posso dizer para minha banda que algo não está funcionando ou que algo precisa ser arrumado, então para quem eu posso?

Sean: Trabalhar para fazer o máximo de dinheiro possível é usualmente um estilo de vida vazio. Eu amo fazer o que faço com meus melhores amigos.

Quais são as bandas pelas quais vocês recentemente se apaixonaram?

John: Pessoalmente, Free Throw tem me pegado muito, o novo LP do Park Jefferson, Panucci's Pizza lançou um excelente disco cheio, P.S. 118, Airman Trout, Milkshakes, Lana Lana, e Bonjour Machines são todas bandas que tenho escutado em maior escala.

Sean: O novo álbum do Bonjour Machines governa. A nova gravação do Vietnam é muito boa, eu tenho ouvido toneladas de Things Fall Apart também. Glocca Morra lançou um split com o Summer Vacation que é doente, e a demo do verão de 2013 do Mallard é incrível, também. Oh, e Kelsi Grammar é surreal e todos deveriam ouvir.

Vocês acabaram de gravar um novo EP. Há planos para o ano que vem?

John: Bem, "Parts Unknown" será gravado em fita pelo Billy na Too Far Gone Records (um cara incrível que não tem sido nada exceto um cara incrível conosco) em Outubro. Avançando, nós estamos escrevendo um disco cheio provisoriamente intitulado "My Mind Goes to Dark Places" que nós esperamos começar a gravar no meio de 2014. Além disso, nós vamos começar a agendar alguns shows, então esperamos que 2013-2014 seja ocupado para nós!

Sean: Obrigado ao Billy e a Too Far Gone Records por lançarem o EP. Os planos para o ano que vem envolvem graduar na faculdade e fingir ser um adulto crescido. Como John falou tudo da banda, então eu fui pro lado pessoal.

A capa de Parts Unknown é tão linda. Quem tirou essa foto e como essa ideia surgiu?

John: Obrigado! O trabalho de arte foi realizado por um coparceiro meu e artista localizado na Filadélfia, Paul Moston (http://paulmoston.tumblr.com/). A foto foi tirada durante uma viagem que ele fez para a Índia. Ele explicou que a imagem original é uma floresta densa em uma vila pobre no norte da Índia. Quando eu o contatei sobre trabalhar junto, nós começamos a discutir a ideia de "parts unknown" (partes desconhecidas, nome do EP da banda) e ele me mostrou algumas fotos com as quais esteve trabalhando, e a capa que nós estamos usando agora se destacou para mim. Depois de pequenos ajustes, ele me apresentou a capa do álbum que temos agora!

Suas canções têm realmente um bom equilíbrio entre as partes mais lentas e mais rápidas. Quais são suas influências musicais e como vocês fazem para trabalhar bem a mistura disso tudo?

John: Bem, todos somos fãs da música da Filadélfia de agora, mas nós (especialmente Sean e eu) temos um amor intenso pelo Modest Mouse. Acima disso tudo, Sean tem uma coleção musical extremamente eclética, variando do pós-rock aos ruídos, então isso definitivamente influência nosso som.

Sean: Modest Mouse sempre. Só recentemente que eu comecei a escrever canções que não são cópias do Isaac Brock, e é assim que eu me sinto. Eu acho que não é sempre que isso atravessa nossa música, mas nós realmente ouvimos coisas muito diferentes e estamos tentando trazer o melhor das bandas que amamos para algo legal e novo. Esperançosamente isso funcionou.

Que trabalhos vocês tem para sobreviver na sua cidade? E como as coisas que fazem neles influenciam nas músicas da banda?

John: Eu tenho um trabalho de período integral em um clube country na linha principal e frequento a faculdade também. Mas, minha agenda só funciona se eu tenho tempo para escrever, praticar, e tocar, uma vez que eu faço a maior parte do meu trabalho de manhã. Os outros garotos vão para a faculdade, também. Então, se influência em algo, eu diria que nos tem forçado a trabalhar nossa habilidade antes de tocarmos ao vivo. Pretendemos ser extremamente compactos ao vivo e tentar recapturar o som de nossas gravações em nossa melhor habilidade.

Sean: Eu sou um estudante em tempo integral na Penn State, no principal campus da Universidade Federal. Eu escrevi todas as canções do EP na faculdade ano passado, e eu sinto que períodos extensos longe de casa são sempre a maior influência na minha escrita. Eu costumava dizer que toda nossa música é sobre estar em um lugar desejando estar em outro.

De um lugar muito distante, parece que o emo revival está indo muito bem. The World Is A Beatiful Place lançou um ótimo álbum, assim como o Crash Of Rhinos. Eu recentemente entrevistei uma banda emo localizada na Califórnia, American Memories, e eles disseram-me que se você tem alguma banda emo, o lugar para se estar é na Filadélfia ou na Inglaterra. Como vocês veem toda cena revival emo e que banda vocês acham que vai se tornar grande? (não no sentido monetário, vocês entendem).

John: Eu amo a música da Filadélfia, e eu acho que ela ou a Inglaterra são ótimos lugares para o emo. Eu diria que uma banda na Filadélfia tem mais oportunidades ou determinadas noites para tocar para uma plateia formada por indivíduos da mesma opinião. The World Is A Beatiful Place definitivamente tem rompido em certa medida, assim como um bom número da lista da Topshelf. Na Filadélfia, Modern Baseball tem deixado as pessoas insanas, ultimamente, finalizando agora uma turnê por todo EUA, então acho que coisas grandes estão no caminho deles. Também Glocca Morra é outra banda que posso ver tendo um grande futuro aqui na Filadélfia, não que eles já não sejam favoritos.

Sean: Modern Baseball já meio que fez isso, eu acho, e o Glocca Morra é a melhor banda da Filadélfia nesse período. Girl Scouts, Marietta, e  Bleeding Fractals matam todos e deveriam ter mais reconhecimento do que sinto que eles têm.

Uma pequena história pra vocês. Na época que eu estava procurando por novas bandas no bandcamp e os encontrei, eu não estava mais falando com minha melhor amiga e eu estava muito triste pro causa disso, e ela me ligou exatamente enquanto eu estava ouvindo vocês, e casou de ser uma trilha sonora perfeita para reconciliação. Que bandas e especificamente quais músicas dessas bandas vocês gostariam de ouvir enquanto se reconciliariam com alguém?

John: Isso é extremamente lisonjeiro, muito obrigado. Para mim, eu gosto de coisas melancólicas como as canções do This World Is A Beatiful Place, ou alguma coisa como Treehouses do Mimas. Mimas é uma banda que eu comparo com meus domingos de manhã, algo que eu consigo entrar com facilidade e perder o rastro do tempo um pouco, mas eu acho que a reação é algo similar ao sentimento de reconciliação. Quando você se reconcilia com alguém, é quase como se um peso fosse tirado e está facilitado o caminho de volta para uma amizade ou de um relacionamento. É como alivio após o momento de ansiedade.

Sean: Joanna Newsom e The Antlers. Talvez Sufjan Stevens.

Muito obrigado! É a última pergunta; façam piadas, salvem o mundo, vocês podem dizer qualquer coisa exceto dizer algo ruim sobre Mineral. Realmente agradecido e espero ouvir grandes notícias de vocês em breve.

John: Obrigado novamente por tirar um tempo pra falar conosco! Se você estiver na Filadélfia ou de alguma forma pararmos no Brasil, ligue para nós e podemos tomar umas cervejas!

Sean: Obrigado por nos entrevistar! Fique triste, permaneça triste.

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