Bandas aos montes têm lotado a cena da Filadélfia. Para você que não
sabe disso, assista abaixo “My Basement is a Shithole” e fique impressionado
como a ética punk do “faça você mesmo” ainda vive por lá, sendo abrandada com
estilos musicais diversos que dialogam nas mais variadas vertentes, desde math
rock, pós-rock, emo, screamo, twinkly, etc.
Abrindo a carreira do Baltimore Cults, surge Parts Uknown,
um EP que flerta com o que de melhor tem a cena acima citada. Representando e
bem o que tem acontecido por aquela região, há um contrabalanço entre uma veia
mais melancólica e outra que enaltece a fertilidade dos acontecimentos na
juventude.
O baixista John e o vocalista/guitarrista Sean
foram realmente legais e aceitaram falar comigo, um pouco sobre o último EP,
bastante sobre as coisas que acontecem nesse exato instante na Filadélfia.
Nessa conversa é possível perceber porque o emo (aka: true emo), tem
existido de maneira completamente independente de grandes e médias gravadoras e
porque as apresentações nos porões norte-americanos devem ser tão boas quanto
dizem.
Vocês podem acessar o bandcamp deles aqui: http://baltimorecults.bandcamp.com/
Vocês podem acessa o facebook deles aqui: Baltimore Cults Facebook
Quais são as partes escondidas da cena emo da Filadélfia?
John: Hmm, boa questão! Eu acho que muitas amizades são
criadas através dos shows na Filadélfia, e isso é uma coisa que você talvez não
possa ver na superfície, pelo menos não de uma perspectiva externa. Assim,
alguém pode dizer que toda cena tem isso, mas sei lá, há algo sobre os shows na
Filadélfia. Um exemplo: Eu estava em um show não muito tempo atrás, e um cara
que eu não conhecia começou uma conversa comigo. Acontece que ele ama a
vibração musical da Filadélfia e se mudou de Nova Iorque para morar aqui e
experimentar isso diretamente. Isso é algo que tenho ouvido mais e mais
ultimamente, o que acho que seja a coisa mais legal. Eu tenho muito orgulho da
Filadélfia, seus defeitos e tudo, e ouvir coisas como essas me deixam feliz e
orgulhoso de poder chamar a Filadélfia de lar.
Sean: Eu sinto muitas
vezes que são as bandas que não têm recebido muito rumor da internet ou estão
mantendo suas cabeças baixas e fazendo shows. A cena é um lugar muito legal
agora e eu sinto como se as cosias estão começando a mudar em termos sonoros.
Sei lá, a maioria das vezes eu me sinto com muita sorte de estar perto de tudo
isso.
Como foi o processo de gravação do EP Parts Uknown?
John: Honestamente, o processo de gravação dessa vez foi tão relaxante e
aconteceu muito naturalmente. Nós gravamos no Headroom com Joe
Reinhart, e ele tornou o processo indolor. O ambiente estava ótimo e nós
tivemos uma sessão muito relaxante. Nenhuma vez nos sentimos como se
estivéssemos forçando algo ou apressando para ter alguma coisa feita. Eu acho
que isso realmente ajudou a formar uma sessão que nós ficamos realmente
orgulhosos.
Sean: Foram bons
momentos, especialmente no último dia de mixagem quando a banda estava filmando
um vídeo musical literalmente do lado de fora da porta. Foi uma ótima
experiência, nós mudávamos constantemente o conceito que o EP abordaria. Nós
tínhamos material o suficiente para tentar e gravar um álbum cheio, mas nós
decidimos fazer tudo há tempo com um número menor de canções e eu acho que foi a
decisão correta.
Vocês se apresentam muito ao vivo? Qual é a reação do seu público?
John: Na verdade, nós não temos nos apresentado muito. Durante os meses
de aula, dois dos cinco membros estudam há 200 milhas de distância, então
decidimos que gastaríamos nosso tempo praticando e escrevendo e escrevendo e
praticando (nós realmente fazemos muito isso). Nós tocamos com bastante frequência quando estávamos no colégio, mas nosso som definitivamente mudou
desde aquela época, então nós decidimos esperar até ter um novo material antes
de começar a tocar novamente. Nós estamos programados para nos graduar esse
ano, então planejamos começar a tocar novamente nesse verão com nosso novo
material.
Sean: Chequem o Robins
(robins.bandcamp.com) e os veja sem contra baixo perto de você !
(se você está perto da Filadélfia...).
John: Robins é a banda para qual eu escrevo. É basicamente o Baltimore
Cults se o Baltimo Cults estivesse obcecado com o midwest emo
ou screamo.Nós nos apresentamos com mais frequência porque moramos mais
próximos à cidade, mas eu estou amarradão para que os garotos terminem as aulas
e os Cults possam tocar de novo!
Quais são as coisas que vocês aprenderam estando em uma banda que nunca
aprenderiam em uma porcaria de trabalho cotidiano?
John: Eu acho que estar em uma banda nos ensinou como lidar efetivamente
com conflitos. Estar com as mesmas pessoas diariamente pode começar a ter seus
empecilhos, mas tocar numa banda com meus melhores amigos faz disso algo mais
fácil. Uma vez que todos somos amigos, nós não deixamos os problemas nos
importunar, nós lidamos com eles assim que eles brotam porque podemos ser
honestos uns com outros. Eu acho que a resolução dos conflitos é a maior
aplicação para o mundo real que estar numa banda me ajudou. Porra, se eu não
posso dizer para minha banda que algo não está funcionando ou que algo precisa
ser arrumado, então para quem eu posso?
Sean: Trabalhar para
fazer o máximo de dinheiro possível é usualmente um estilo de vida vazio. Eu
amo fazer o que faço com meus melhores amigos.
Quais são as bandas pelas quais vocês recentemente se apaixonaram?
John: Pessoalmente, Free Throw tem me pegado muito, o novo LP do Park
Jefferson, Panucci's Pizza lançou um excelente disco cheio, P.S.
118, Airman Trout, Milkshakes, Lana Lana, e Bonjour Machines são
todas bandas que tenho escutado em maior escala.
Sean: O novo álbum do Bonjour
Machines governa. A nova gravação do Vietnam é muito boa, eu tenho ouvido
toneladas de Things Fall Apart também. Glocca Morra lançou um split
com o Summer Vacation que é doente, e a demo do verão de 2013 do Mallard
é incrível, também. Oh, e Kelsi Grammar é surreal e todos deveriam
ouvir.
Vocês acabaram de gravar um novo EP. Há planos para o ano que vem?
John: Bem, "Parts Unknown" será gravado em fita pelo Billy
na Too Far Gone Records (um cara incrível que não tem sido nada exceto
um cara incrível conosco) em Outubro. Avançando, nós estamos escrevendo um
disco cheio provisoriamente intitulado "My Mind Goes to Dark Places"
que nós esperamos começar a gravar no meio de 2014. Além disso, nós vamos
começar a agendar alguns shows, então esperamos que 2013-2014 seja ocupado para
nós!
Sean: Obrigado ao Billy
e a Too Far Gone Records por lançarem o EP. Os planos para o ano que vem
envolvem graduar na faculdade e fingir ser um adulto crescido. Como John falou
tudo da banda, então eu fui pro lado pessoal.
A capa de Parts Unknown é tão linda. Quem tirou essa foto e como
essa ideia surgiu?
John: Obrigado! O trabalho de arte foi realizado por um coparceiro meu
e artista localizado na Filadélfia, Paul Moston (http://paulmoston.tumblr.com/). A foto foi tirada durante uma viagem que ele
fez para a Índia. Ele explicou que a imagem original é uma floresta densa em
uma vila pobre no norte da Índia. Quando eu o contatei sobre trabalhar junto,
nós começamos a discutir a ideia de "parts unknown" (partes
desconhecidas, nome do EP da banda) e ele me mostrou algumas fotos com as quais
esteve trabalhando, e a capa que nós estamos usando agora se destacou para mim.
Depois de pequenos ajustes, ele me apresentou a capa do álbum que temos agora!
Suas canções têm realmente um bom equilíbrio entre as partes mais lentas
e mais rápidas. Quais são suas influências musicais e como vocês fazem para
trabalhar bem a mistura disso tudo?
John: Bem, todos somos fãs da música da Filadélfia de agora, mas nós
(especialmente Sean e eu) temos um amor intenso pelo Modest Mouse.
Acima disso tudo, Sean tem uma coleção musical extremamente eclética,
variando do pós-rock aos ruídos, então isso definitivamente influência nosso
som.
Sean: Modest
Mouse sempre. Só recentemente
que eu comecei a escrever canções que não são cópias do Isaac Brock, e é
assim que eu me sinto. Eu acho que não é sempre que isso atravessa nossa
música, mas nós realmente ouvimos coisas muito diferentes e estamos tentando
trazer o melhor das bandas que amamos para algo legal e novo. Esperançosamente
isso funcionou.
Que trabalhos vocês tem para sobreviver na sua cidade? E como as coisas
que fazem neles influenciam nas músicas da banda?
John: Eu tenho um trabalho de período integral em um clube country na
linha principal e frequento a faculdade também. Mas, minha agenda só funciona
se eu tenho tempo para escrever, praticar, e tocar, uma vez que eu faço a maior
parte do meu trabalho de manhã. Os outros garotos vão para a faculdade, também.
Então, se influência em algo, eu diria que nos tem forçado a trabalhar nossa
habilidade antes de tocarmos ao vivo. Pretendemos ser extremamente compactos ao
vivo e tentar recapturar o som de nossas gravações em nossa melhor habilidade.
Sean: Eu sou um
estudante em tempo integral na Penn State, no principal campus da
Universidade Federal. Eu escrevi todas as canções do EP na faculdade ano
passado, e eu sinto que períodos extensos longe de casa são sempre a maior
influência na minha escrita. Eu costumava dizer que toda nossa música é sobre
estar em um lugar desejando estar em outro.
De um lugar muito distante, parece que o emo revival está indo
muito bem. The World Is A Beatiful Place lançou um ótimo álbum, assim
como o Crash Of Rhinos. Eu recentemente entrevistei uma banda emo
localizada na Califórnia, American Memories, e eles disseram-me que se
você tem alguma banda emo, o lugar para se estar é na Filadélfia ou na
Inglaterra. Como vocês veem toda cena revival emo e que banda vocês
acham que vai se tornar grande? (não no sentido monetário, vocês entendem).
John: Eu amo a música da Filadélfia, e eu acho que ela ou a Inglaterra
são ótimos lugares para o emo. Eu diria que uma banda na Filadélfia tem
mais oportunidades ou determinadas noites para tocar para uma plateia formada
por indivíduos da mesma opinião. The World Is A Beatiful Place
definitivamente tem rompido em certa medida, assim como um bom número da lista
da Topshelf. Na Filadélfia, Modern Baseball tem deixado as
pessoas insanas, ultimamente, finalizando agora uma turnê por todo EUA, então
acho que coisas grandes estão no caminho deles. Também Glocca Morra é
outra banda que posso ver tendo um grande futuro aqui na Filadélfia, não que
eles já não sejam favoritos.
Sean: Modern
Baseball já meio que fez isso, eu acho, e o Glocca Morra é a melhor
banda da Filadélfia nesse período. Girl Scouts, Marietta, e Bleeding Fractals matam todos e
deveriam ter mais reconhecimento do que sinto que eles têm.
Uma pequena história pra vocês. Na época que eu estava procurando por
novas bandas no bandcamp e os encontrei, eu não estava mais falando com minha
melhor amiga e eu estava muito triste pro causa disso, e ela me ligou
exatamente enquanto eu estava ouvindo vocês, e casou de ser uma trilha sonora
perfeita para reconciliação. Que bandas e especificamente quais músicas dessas
bandas vocês gostariam de ouvir enquanto se reconciliariam com alguém?
John: Isso é extremamente lisonjeiro, muito obrigado. Para mim, eu gosto
de coisas melancólicas como as canções do This World Is A Beatiful Place, ou
alguma coisa como Treehouses do Mimas. Mimas é uma banda que eu comparo com
meus domingos de manhã, algo que eu consigo entrar com facilidade e perder o
rastro do tempo um pouco, mas eu acho que a reação é algo similar ao sentimento
de reconciliação. Quando você se reconcilia com alguém, é quase como se um peso
fosse tirado e está facilitado o caminho de volta para uma amizade ou de um
relacionamento. É como alivio após o momento de ansiedade.
Sean: Joanna
Newsom e The Antlers. Talvez
Sufjan Stevens.
Muito obrigado! É a última pergunta; façam piadas, salvem o mundo, vocês
podem dizer qualquer coisa exceto dizer algo ruim sobre Mineral. Realmente
agradecido e espero ouvir grandes notícias de vocês em breve.
John: Obrigado novamente por tirar um tempo pra falar conosco! Se você
estiver na Filadélfia ou de alguma forma pararmos no Brasil, ligue para nós e
podemos tomar umas cervejas!
Sean: Obrigado por nos entrevistar! Fique triste, permaneça triste.
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