“Ler permite acariciar a dor, acalmar a condição humana — breve,
precária e ao mesmo tempo maravilhosa.”, João Anzanello Carrascoza.
Maria Lúcia Dal Farra quer que participemos da travessia, e isso
fica claro no primeiro poema de seu livro Alumbramentos (vencedor do Jabuti
2012). Atravessar a noite, a arte, com o auxílio do poema. Ela chama o leitor e
espera dele uma participação, ela quer uma transcendência afetiva e encontrar outros
“dentes que brilham feito astros”. Florescerá, então, toda metalinguagem não só
poética como artística, da relação entre poemas e cenas naturais, do cotidiano
e até datadas.
Impera aqui a forma arcaica da língua,
aliando o misticismo ao naturalismo em busca de uma poesia orgânica, abalada
pela finitude recriando esferas sobre animais, obras, outros poetas. Maria, ao
mostrar que fica ao lado de uma arte mais ortodoxa (mesmo que não se limite a
poemas métricos), faz uma poesia que infelizmente já perdeu o fôlego em mundo
objetivo e de progressos estatísticos como mesura da qualidade intrínseca; em
seus versos o “mercúrio seduz o enxofre”, Deus está nos recônditos e na cavalidade do cavalo.
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