Na fotografia, Origamibiro encontrou sua inspiração
para seu lançamento mais recente. A novidade para as gravações anteriores é
que, ao invés de só encararmos instabilidades em sequência, nos deparamos com
um bocado de sons “ilusórios”, que arranham texturas difíceis de identificar.
Ainda assim, é possível ouvir fortes
imposições pessoais como relógio, folhas sendo desagregadas; datilógrafos e
outros utensílios como tambores. As possibilidades que a princípio possam soar
reduzidas mostram-se ampliadas com a habilidade nata da dupla. No que se refere
aos outros lançamentos, o Origamibiro
está muito mais sensível. Como saber, no entanto, como conseguem alcançar esse
grau de sensibilidade com tantos aparatos “antimusicais” é um mistério. É o que
nos resta, contemplar sons incomuns criados por artistas inventivos.
Odham’s Standard contém outras fontes de estudos como gravações em
campo e filmagens amadoras. As propagações de mistérios relacionadas a
ambientações que estamos mais acostumados nos imergem em algo muito atrativo. Odham’s Standard é uma fragmentação de
rastros sonoros dispersos ou criados exclusivamente para esse fim? A fita que
fez esse som ou é uma adaptação alheia? São temas que obcecam Tom Hill e Andy Tytherleigh. Nesse caso é
interessante como as modulações sonoras se comportam em diferentes imaginários
mesmo sendo intrinsecamente formadas iguais. Outro mistério: ao fim de uma
faixa, um sussurro: “O que aconteceu?”. Em seguida, o silêncio.
Não há necessidade de você não acreditar
que é um instrumento, os sons são agradáveis. É o suficiente admirar as canções
enquanto elas se modulam em formas. É o rastro que elas deixam durante o clímax
que torna tudo tão memorável. No meio de sons irreconhecíveis, uma orquestra
que conduz a música até finalizar com um acústico sozinho, ecoando. Ainda há
uma luta entre as cordas e uma voz incógnita, onde ambas recusam a ceder
espaço. A linha entre o som, tão borrada como a capa do disco. É muito possível
que no futuro, os ouvintes reconheçam todas as intenções e sons fantasmas que
assombram as canções, para nós, resta a beleza.