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quinta-feira, 13 de março de 2014

The Hotelier- Home, Like NoPlace Is There [2014]


Algumas pessoas se afundam, elas não são ajudadas a tempo. Não são ajudadas de forma alguma. Algumas pessoas estão mergulhadas em trevas.” Alice Munro.

Melhorar um excelente disco de estreia é para poucos. The Hotelier conseguiu isso. O conjunto no auge da criatividade.

Sinceramente, não sei como descrever todas as emoções que são transmitidas através desse álbum. Lembro-me bem de gostar muito do primeiro disco da banda, mas esse segundo pode atingir outros níveis. Sim, The Hotelier ainda toca certo; quero dizer que dessa vez tem algo a mais! Um som expandido, trabalhado, com a mesma urgência e paixão dos garotos de anos atrás.

Tenho certo receio de começar com aquele papo clichê de “amadurecimento”, mas é certo que pelo menos dessa vez, os garotos aprenderam a observar o mundo ao redor e exercer empatia. O que melhorou aqui foram as letras, o instrumental continua afiado e variando muito entre diversos tipos de rock, focando mais no que se convencionou chamar de post-hardcore. Christian Holden mostra que é o melhor frontman do emo contemporâneo!  Há de se ressaltar sua entrega, nas canções mais gritadas e nos lados mais suaves. Home, Like NoPlace Is There exibe um vocal em seu máximo desempenho, com uma intensidade que casa muito bem com a dinâmica da guitarra. Há quem diga que o emo é um gênero tipicamente (pré) adolescente, mas o que ocorre aqui é a exploração de temas muito complexos, tênues, profundos. Para isso é misturado hardcore e emo, encorpando as longas canções.

Aqui, os assuntos que permeiam as canções são substanciosos, o que obviamente edifica os conceitos implícitos. Não, Holden não aborda coisas corriqueiras de um típico adolescente americano; seus assuntos incluem confusão de gênero, suicídio, amadurecimento. Esta espécie de abordagem atinge seu auge diversas vezes ao longo do disco, como quando é relatada a perda de alguém próximo por vontade própria, referindo um bilhete que a pessoa deixou antes de se matar, o constrangimento que isso gerou na família, o modo como “libertou seu espírito”. Digo dessas coisas porque são de importância visceral para a compreensão da ideia maior do disco, que passeia por vários assuntos densos e complexos.

I called in sick from your funeral.
The sight of your family made me feel responsible.
and I found the notes you left behind; little hints and helpless cries, desperate wishing to be over.

Este disco não caminha apenas dentro de um gênero, e é isso que o faz tão sensacional. Digo isso para você não se “acorrentar” a pré-definições de estilos e julgar o disco por si, mas para um norte bem resumido ao mesmo tempo superficial: algo entre Brand New, o primeiro Green Day, At The Drive-In e Sunny Day Real Estate. Lembrar-se dessas bandas, no entanto, beira o irrelevante, uma vez que a força própria do álbum é imensa. E as canções transbordam muita emoção por parte de Holden ampliada pelas poderosas guitarras que exibem diversidade. Home, Like NoPlace Is There é com certeza um dos grandes lançamentos do ano. Apesar da “dificuldade” na primeira ouvida, a alternância entre diversos estilos e norteamento em vários assuntos, somados a certo tipo de crueza e produção “B” (muitas vezes, muitas vezes mesmo, a guitarra sobressai ao vocal), como um mundo muito mais complexo que o simples maniqueísmo de bandas modernas, exibe um conjunto no seu auge. Isso, em dois discos. Não é pra todos.

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