É estranho que alguém cujo trabalho resida em tanta seriedade, seja pessoalmente tão despretensiosa como Christina Vantzou. Ex-membro do poderoso Stars of the Lid, onde sua criação visual era o que mais impactava. Com o recém-lançado Nº 2, a compositora nos fala um pouco sobre seu processo criativo, sua carreira enquanto artista, a influência da Bélgica em sua música, etc:
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Você tem constantemente o mesmo
modo de processo criativo ou sempre experimenta perspectivas diferentes quando
está em processo de gravação?
Christina: Eu gosto de experimentar com técnicas diferentes. Eu
sempre estou mudando as coisas.
Eu li que você tem estado em
contato com arte desde muito jovem. Como você a evolução das plataformas de
arte até hoje?
Christina: Eu trabalho da mesma maneira com as formas de arte até
onde permitem minha abordagem e investimento e como me sinto no momento.
Como a Bélgica influenciou sua
música, a maneira que você escreve, cria...?
Christina: A Bélgica tem uma grande audiência para música. Todas as
bandas com quem conversei e fizeram turnê pela Europa perceberam isso. Há um
interesse particular aqui pela nova música clássica. Ancienne Belgique (um local para concertos no coração de Bruxelas)
tem séries de sessões dedicadas para isso. Então o interesse e o apoio aqui
significam que eu posso sonhar e desenvolver cada vez mais novos projetos
ambiciosos.
O álbum de 2004 do The Dead Texan é uma gravação que estou
sempre ouvindo. Descreva-nos um pouco daquela experiência.
Christina: Foi minha primeira experiência tocando música no palco e
eu cresci obcecada com o som e as bibliotecas MIDI e som ao vivo em geral. Nós
fizemos muita turnê- viajando em um pequeno carro pela Europa, visitando muitas
cidades pela primeira vez, encontrando muitas pessoas legais.
Como foram as primeiras reações
do público e da crítica referene à No 2? Como artista, você acha que a crítica
ainda é relevante?
Christina: Eu gosto de ler as palavras que os críticos usam para
descrever algo que eu venho trabalhando intimamente nos últimos quatro anos. É
o trabalho de um escritor e não é tão fácil. Música provavelmente é a forma de
arte mais resenhada porque há muita gente interessada em música. Crítica é
também parte da promoção, então é relevante. Eu prefiro as resenhas que digam
algo de pessoal sobre a experiência de conhecer algum álbum.
Como foram as sessões de gravação
do No2? Divertidas, difíceis, desafiadoras?
Christina: Eu gravei em dois longos dias em São Francisco, de manhã
até tarde da noite. Eu estava lá com minha amiga Julie Calbert de Bruxelas. Era a primeira vez de Julie em São
Francisco, e nós fomos ver a Ponte Golden
Gate e algumas vizinhanças e parques famosos na cidade. Nós comemos tacos.
As sessões de gravação na tiny telephone (estúdio
de gravação localizado em São Francisco) foram ótimas. A energia lá é única, é
um espaço acolhedor e bonito.
Com sua própria composição, como você
a explica aos músicos que vão tocá-la ao vivo?
Christina: Eu não explico muito. Eu falo sobre o tempo ou como as vozes
de cordas devem se destacar ou me sento mais na parte de trás e se há uma
mudança de ritmo na peça, eu tento apontá-la.
Quais são as principais mudanças
de “No.1” para seu novo álbum?
Christina: Nº 2 tem uma seca ode cordas maior. Há oboé e fagote no
segundo álbum...
N° 2 continua na linha do N° 1,
mas o som de câmara é ainda mais presente.
Quais artistas te influenciam a
puxar os limites criativos?
Christina: Ann Veronica Janssens, Jordan Belson, Johann Johannsson, Lars Von
Trier, Deer Hunter, James Turrell, Sarah WIlmer...
Minimalismo está muito presente
em seus trabalhos. Como você descobriu isso e pensou “hum, isso é realmente
muito bom”?
Christina: Eu descobri o minimalismo na faculdade de arte.
Primeiramente fiquei atraída pelos pintores minimalistas como Robert Ryman (que só pintava de branco), Ellsworth Kelly, Brice Marden, Eva
Hesse, Agnes Martin e os construtivistas russos.
Depois, eu fiquei obcecada por
minimalistas que usavam espaço e luz, como Donald Judd, Dan Flavin, Dan Graham, e Sol
Lewitt.
Mais depois, eu gostei do logo
design corporativo dos anos 70 e 80 e 90, que é minimalista de sua própria
maneira.
Pelo menos no Brasil, a audiência
voltada ao público de música clássica, não aceita tão facilmente música
neoclássica, como as pessoas que criam no computador, etc. Como é essa situação
na Bélgica?
Christina: Há um grande público de música neoclássica na Bélgica!
Você conhece alguma música
Brasileira?
Christina: Eu queria conhecer.
De um lugar muito distante, a
Bélgica aparenta ser um ótimo país onde suportam a música e artistas locais.
Como é a cena musical na Bélgica?
Christina: Há uma enorme quantidade de apoio para musica aqui e um
grande número de casas de show. Eu estou aqui há dez anos e ainda estou
descobrindo novos locais de música.
Há alguma espécie de tema
uniforme que orienta seu processo criativo?
Christina: Um amor por trilhas sonoras de ficção científica e
suspense psicológico.
Por que aumentar o conjunto para o
segundo álbum e de que maneira isso foi importante para seus novos objetivos
estéticos?
Christina: Eu estava muito atraída pelo som do oboé e sabia que
queria aquela voz em Nº 2. Também fiquei atraída pelo fagote. Eu senti que a
seção de cordas precisava de mais baixo e adicionei um segundo violoncelo e contrabaixo.
Por que você acha que existe essa
“falta” de interesse do público massivo em relação à música clássica, ambiente,
de vanguarda?
Christina: A música que você gosta é música pop para você. Para
muitos, música clássica, ambiente e de vanguarda, são suas músicas pop.
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