O Nadja misturou ruídos e shoegaze
concebidos de bandas como Slowdive,
Retribution Gospel Choir, My Bloody Valentine, The Psychic Paramount, This
Mortal Coil, Rise, Lou Reed e Sebadoh adicionado às bandas tão
caracterizadas como doom metal e drone em seu novo álbum. Entrando no
reino da música imaterial, experimental, cheia de chiados, enfim,
inclassificável; fazendo jus à forte e coerente carreira do duo. Assim como as
primeiras bandas citadas, as influências de Earth, Æthenor, Oneohtrix Point Never, AUN e Kevin Drumm catapultam
o Nadja para um som que simplesmente
transcende a mera realidade, característica tão comum no drone, onde o tempo é disperso e inserido em outro contexto, os
organismos criados no imaginário vão muito além de simples concepções extraídas
do tão dito real.
O alicerce, apesar de todos os
barulhos dispersos (e acreditem, existe muito!) é a guitarra. Por exemplo, no
começo de Quelerl, temos riffs bem tradicionais, obviamente que
estamos tratando de Nadja, então tudo
vai evolver para a densidade dilacerada em imersões sonoras. Nenhum elemento
fica cintilante, claro, mas são movimentações que a rigor escondem uma beleza
obscura em que só é possível chegar se ouvidas com muita atenção. São quatro
faixas valsando entre elementos misturados, revelando tensão, desespero.
Gigantescas ondas de guitarra, sintetizadores e uma bateria que vai cada vez
mais sucumbindo à poderosa parede de ruídos que ainda mantém o riff originário morrendo aos poucos.
Isso é uma valia para um álbum que começa tão calmo, contemplativo, como uma
caminhada que inicia tranquila e ao decorrer do caminho somos tomados de
surpresa por uma tempestade. Toda a coisa fica descomunal, não podemos
respirar, esse é o mundo de Aidan e Leah. Uma espécie de fascínio- que é tão
belamente passado através das frases de guitarra- com o mundo obsoleto e
devastado, como se encontrassem nesses elementos uma brigada. Em toda essa
dissonância, Barker clama em voz fúnebre, apoiado na espetacular construção
instrumental.
Os elementos nesse álbum
colaboram para criar um mundo carregado,
devastado, pelo qual trafega o Nadja:
situações extremamente complexas e até paradoxais, onde uma grande beleza
reside sob todo o deserto desolado que a construção sonora sugere. O doom metal e o shoegaze difundem-se para a maluqueira animal que é Queller. Uma equação que realmente não é
de fácil digestão, e num mundo onde a criação resume-se a tantas obviedades, é
claro, uma feliz exceção.
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