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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

You Blew It!- Keep Doing What You’re Doing [2014]


O ato supremo do romantismo é o suicídio”, Fernanda Torres.

Eu tenho levado tudo da maneira errada. Confundindo coisas, colocando a culpas em pessoas próximas, tudo para evitar confessar o quão horrível tenho sido. Mas porra; parece que sempre tem uma dor que não abandona o peito, um vazio que é sustentado pelas minhas respirações. E eu não tenho muita certeza de porque tenho culpado todas as pessoas, parece que é a única coisa que consigo fazer, tipo uma metralhadora deixada no automático. Um dia mesmo eu sentei e disse que iria “começar do início”, e escrever um diário íntimo investigativo do porque as coisas chegaram aonde chegaram. É incrível como nos momentos ruins consigo esquecer todas as coisas boas que tem acontecido; é como se num segundo tudo se vaporizasse e restasse apenas a objetivação da angústia fria. Vai entender.

I'll put mind over matter
to put this matter out of my mind.
'cause I shouldn't let this get to me,
but I'm having trouble trying to find the right way
to say I feel less than confident.

E por isso sempre as mesmas questões. Coisas absolutamente tolas como; “eu nunca vou pertencer? Eu nunca vou me articular na positividade desse mundo?”. Claramente esse não deveria ser o foco; apontar as coisas negativas é -apesar do que dizem- fácil. Pelo menos para mim sempre foi, sempre senti atração por frases tristes, livros trágicos e filmes sérios. Parece que eu esqueci que a minha vida também estava no piloto automático, que o que meus pais e meus parentes e alguns supostos amigos esperavam, era o que justamente eu não queria e não podia ceder. “É tão difícil mudar, quando esse mundo não te vê de nenhuma outra maneira”, dizia o Have Heart. E nessa hipertrofia íntima, nessa superposição do “eu”, esqueci que outros tinham problemas parecidos, dilemas semelhantes. Esqueci-me de todas as pessoas lindas quando tudo ficou difícil. Então, tá bom, é melhor admitir; sou melodramático, supersensível. Uma ex me dizia isso, e faz todo sentido. Eu posso respirar, tenho minhas pernas, então fica muito claro que tudo que fizer de prejudicial vai ser sempre culpa minha. Nunca é tarde para falar não e recomeçar com minhas próprias forças. Mesmo que sejam esquisitas. Mesmo que sejam estranhas, confusas. Sou isso, eu versus eu. Eu para trilhar um caminho, mesmo que não esperado por mais ninguém, porra, refaz a frase: “sempre vai ter alguém, você não é o único”.

"Give it a rest."
I shouldn't have to say this,
but now I struggle to recognize you.
"Give it a rest."

Eu ainda estou encontrando os eixos. Depois, tudo se acerta. Tenho sido mal humorado com quem não merece. Em Keep Doing What You’re Doing temos propostas ávidas do You Blew It!, algum tipo de confirmação do envelhecimento através do tempo, tangendo certas doses de otimismo. A libertação de uma banda que percebeu não precisar se esconder atrás de pré formulas; por isso os vocais com garganta, outros limpos, partes mais arrastadas, outras rápidas. Embora à primeira ouvida não pareça um álbum caloroso, consecutivas escutadas farão as melodias preencher sua cabeça. Relacione toda a esperança que contém o álbum com as diferentes mudanças de tempo no instrumental e o que temos é um conjunto em sua plena maturidade.

I'm still clutching to
things I should have said
and the bonds that I've been ruining.

No fim, como praticamente toda essa rotulação e demonização e o tão dito revival, bandas como o YBI! talvez fiquem renegadas à não atingir um público independente por qual sua música clama, como o The So So Glos e o Cloud Nothings, única e exclusivamente pelas letras serem tão explicitamente sobre emoções intimas pessoais. E como tem se separado absurdamente o indie underground de músicas com temas tão viscerais e aflitivos, o elo fica maior ainda para o ouvinte desse nicho que quer ouvir músicas com esse tema. Por favor, se você é um desses, ouça uma porra de música no youtube! Oblitere essa bobagem de emo revival. Esse é um álbum para pessoas indecisas, que querem berrar a plenos pulmões o que sentem, com ótimas jams que indicam o caminho certo da banda. Mesmo que ninguém ouça.

For every good thing I could say about you,
there's a great reason why I refuse to.

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