“Uma vez, li que a
morte era o momento mais significativo da vida, e é mesmo. A minha foi boa,
está sendo, não por muito mais”, Fernanda Torres.
Alex Hawkins lançou em 2013 um álbum solo de piano, e em 2012 um
grande álbum com conjunto. O novo conjunto presente nesse álbum apresenta
pequenas alterações em relação ao último.
Tom Skinner na bateria, Neil Charles (baixo), o clarinetista Shabaka Hutchin, o violinista Dylan
Bates. Otto Fischer continua nas guitarras, que tem uma importância fundamental
no desenvolvimento das músicas.
Eu ainda me lembro de a primeira
vez que ouvi The Shape Of Jazz To Come,
do Ornette Coleman. A química de
vanguardismo emanava daquele álbum, com as improvisações, a liberdade criativa.
A alma desse álbum me lembra da obra-prima do Coleman, não em questão de versos
e temas- Ornette usou bem mais- mas
em relação à improvisação misturada com uma linhagem mais palatável. E sentimos
isso logo na primeira faixa, a mais próxima da arquitetura de Coleman. A
interação entre clarinete, baixo e violino é sublime. Em meio a cadencia do
andamento, todos os membros tem a oportunidade de solar- outra referencia à Ornette. Terminando com uma grande reverencia
graciosa.
Acredito que em algumas faixas
seja livre improviso puro. Legal como os músicos respeitam e atentam para o que
os outros tocam, construindo um terreno onde o repentino ataca a organização, e
vice-versa. As peças atingem uma pegada muito forte, onde é possível ver a
dedicação dos instrumentistas. Como estes barganham com “outros”, celebrando o
discurso livre. Esse âmago libertário exige muita dedicação e concentração. As
sessões improvisadas reagem muito naturalmente com as partes arquitetadas.
São admiráveis as faixas que
compõe o disco, Advice fica muito
perto de um blues, um blues de improviso com influência óbvia de Derek Bailey. Ensemble/Melancholy brinca com a parte de improviso e composição,
onde o arremesso de cada instrumento torna a coisa toda muito caótica ao mesmo
tempo em que ordena uma sincronia de arranjos. Para fechar o disco, uma das
faixas mais “gentis”, onde os músicos despencam para o livre improviso, cada instrumento
dando seu máximo como a procura de resposta, muito parecido com as curtas sessões
de improviso de Robert Fripp.
Fantástico!
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