“Sempre se pode
conseguir tirar algo de coisas que a gente não imagina que tenham valor”,
Alice Munro.
Em todos os sites que acompanho
sobre música, foi batata, o último disco do Fire! foi considerando um dos grandes álbuns de 2013. Muito em
função disso, Mats Gustafsson, líder do projeto, pôde levar sua
orquestra com mais de trinta músicos para uma extensa turnê.
Teoricamente, os acordes e
sessões do Second Exit são iguais ao Exit, pois é um registro ao vivo deste
álbum. Mas há algumas alterações, os vocais de manifestação da mente por Mariam Valentin e as frases condutivas
de Sonja Jernberg ocupam muito mais
o segundo plano do que no álbum de estúdio, deixando as guitarras e eletrônicos
muito mais presentes. O mesmo ambiente “eterno” é instalado, para que variações
dos mais diversos instrumentos possam se encontrar e trabalhar em
microssessões.
Os diálogos entre saxofone de Elin Larsson e trompete de Goran Kajfes são inacreditáveis – mesmo
por debaixo de todos os instrumentos, é uma das conversas mais interessantes
entre os microduetos que se formam-, Oren
Ambarch (que já fez um álbum colaborativo com o Fire!) emerge toda a orquestra atrás de uma maravilhosa e ruidosa
parede sonora, em dado momento os eletrônicos que tomam conta, desvirtuando
toda a direção que a peça vinha tomando.
O álbum é um conjunto de ruídos
delirantes, rock encardido, barulho de tralhas excêntricas, interceptação de
componentes de diversas categorias, instrumentos desacompanhados em combate ao
desempenho de grupo, basicamente a premissa do jazz livre incorporada em
terrenos como krautrock, psicodelia,
improvisação eletro acústica.
As duas peças são admiráveis,
obviamente quem gostou do Exit vai se
interessar demais. Talvez seja mesmo mais uma edição para quem gosta de acumular
discos, etc., mas também perpetua os barulhos em nível de arte, estabelecendo-se
como vanguarda na concepção sonora mesmo no vasto terreno da música
contemporânea.
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