CURTA NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Entrevista com Chris Simpson

Se você já leu alguns posts nesse blog ou entrevistas, talvez tenha notado que Mineral é uma das bandas mais citadas. Na primeira vez que ouvi as melodias de Simpson e li as letras, fiquei maravilhado. Desde então, há mais ou menos dez anos, venho procurando todos os seus trabalhos musicais, o que ficou definitivamente mais fácil com a internet. Desde 1994, ele vem liderando incríveis projetos, como o Mineral, The Gloria Record e o atual Zookeeper. Eu sei que soa um pouco clichê, mas o homem é um dos meus "heróis musicais" desde que eu lembro de gostar tanto de música. Então, quando ele aceitou fazer essa entrevista, trouxe apenas sorriso à minha face. Espero que vocês gostem o tanto que eu gostei:
-



Olá, como vai? Como estão as coisas com a turma do Zookeeper?

Chris Simpson: Oi, estou ótimo. As coisas estão boas. Eu me sinto mais como um vigilante de crianças do que um vigilante de zoológico (tradução literal para Zookeeper) esses dias. Eu e minha companheira temos gêmeos de dois anos e meio e um bebe de nove meses. Eu fico em casa com eles a maioria do tempo e vou para a escola (poucas aulas por semestre) poucos dias da semana. De alguma forma eu ainda tenho encontrado tempo para ficar agradecido e finalizar uma nova gravação.

A canção “Flood Of Love” tem imagens muito fortes. Muitas músicas suas trabalham com imagens (como “Quando está tarde à noite e a casa está azul”). Isso acontece naturalmente ou é algo que você sempre tenta colocar nas suas letras?

Chris Simpson: Eu acho que gosto de imagens também. Eu sou muito visual. Então talvez pareça natural para eu escrever desse jeito. Eu não acho que é algo que eu penso muito.

Literatura é algo que influência a sua maneira de escrever? Se sim, por favor, poderia nos recomendar alguns autores que você gosta?

Chris Simpson: Sim. Eu tenho certeza que o que leio influencia minhas letras. Meus favoritos são, na ficção: Hermann Hesse, Carlos Castaneda, Flannery O'Connor, Graham Greene, Beryl Bainbridge. Acreditem ou não, eu gasto a maior parte do meu tempo lendo não ficção: cosmologia, filosofia religiosa, psicologia, mitologia, eu até passei por uma fase de física teórica.

A primeira vez que ouvi o álbum “Becoming All Things”, eu pensei em uma festa! Com bons e maus momentos, claro. Quero dizer, depois de uma música como Boy & The Street Choir, nós temos a funk Al Kooper's Party Horn. Porque tanta variedade e vocês se divertiram enquanto gravaram?

Chris Simpson: Sim. Nós festejamos. Aquele era meio a vibe e o sentimento das sessões. Um bocado de pessoas em um cômodo se divertindo. Tocando espontaneamente e sem ensaiar.

Como são suas apresentações ao vivo?

Chris Simpson: Cruas. Elas são um pouco diferente todas às vezes. E às vezes (frequentemente) não são otimamente ensaiadas também.  Eu tenho me apresentado sozinho muito mais ultimamente, mas ainda amo tocar com outras pessoas. Quando eu tenho uma banda junto, é uma banda montada para um show ou turnê específica, então as dinâmicas e energia entre os músicos são frequentemente diferentes de um show para outro. É mais uma maneira de trabalhar com os recursos disponíveis, mas eu gosto de algumas coisas em relação a essa espontaneidade e energia dessa abordagem.

Pink Chalk me parece mais lento, intimo e tranquilo do que as gravações prévias. Por que essa “mudança”?

Chris Simpson: Eu não sei por quê. Fundamentalmente eu acho que é diferente porque com essa gravação eu iniciei e toquei a maioria dos instrumentos. Então era apenas eu e o engenheiro trabalhando juntos na gravação. Nós começamos muito disso em máquinas de fita 8-track e eu queria limitar as possibilidades técnicas de início. Para ver se poderíamos ser mais livre com a instrumentação e conseguir que as canções fossem mais simples.

Tem um intervalo de seis anos entre seu último lançamento, você meio que ficou cansado de criar música ou apenas diminuiu o ritmo de composição?

Chris Simpson: Provavelmente ambos. Eu também tenho três crianças e alguns outros desvios pelo caminho. Minha vida estava louca em muitos sentidos e eu tenho estado nesse processo de se acalmar e voltar a trabalhar. Eu tinha e ainda tenho muito trabalho interior para desenvolver, mas eu estou feliz de ter terminado algo que eu possa compartilhar com as pessoas de forma exterior novamente.

Que bandas são seus remédios?

Chris Simpson: Harry Nilsson, Van Morrison, The Velvet Underground, The Kinks, Talk Talk, Big Star, Broadcast, The Innocence Mission, Nina Simone, Thelonious Monk, Otis Redding, Neil Young, Bowie. Muitas. Eu gosto de artistas. E cantores. Eu amo cantores.

Companheiros de Zookeeper tem outros projetos, certo? Poderia por favor, falar um pouco sobre isso?

Chris Simpson: Seth tem um projeto chamado The Whiskey Priest. Ele mora no Novo México agora e não toca mais conosco. Alex Dupree escreve as melhores canções sob o nome de Idyl. Ele mora na Califórnia agora e faz pós-graduação em poesia. Ele é realmente um verdadeiro poeta. Mesmo que não aconteça dele escrever poesia. Ben Lance e Ben Houtman tocam em uma banda chamada Frank Smith, e Ben Lance também toca com nosso bom amigo Booher. Jeremy Gomez, que também tocou comigo no The Gloria Record, e Mineral, também toca com What Made Milwaukee Famous às vezes. Joe Salinas também é um cineasta aspirante cujo trabalho é produzido sob o apelido de Miso Mesican Media. Cully Symington tem tocado com Cursive, Okkervil River e The Afghan Whigs. Essas pessoas são todos músicos incríveis e artistas e muito mais. Pesquise por elas e seus projetos.

Você ainda ouve as bandas que você ouvia quando começou a gostar de música?

Chris Simpson: Quando eu comecei a gostar de música foi através dos discos da minha mãe, então eu ouvia Michael Jackson e Lionel Richie e Barry Manilow e Kaura Branigan, e graças a Deus, The Bee Gees. Eu ainda ouço muito os primeiros lançamentos do Bee Gees (a Era pré-disco). E Simon e Garfunkel. Então, sim, algo daquilo.

Você percebe muita mudança como artista e pessoa do garoto que gravou Power of Failing e o homem que é agora? Quais?

Chris Simpson: Eu não posso pensar algum modo que eu não tenha mudado. E ainda assim, tudo permanece. Parece que nós crescemos e compreendemos mais e mais sem realmente deixar nada partir. Eu tenho que aprender a deixar algumas coisas sumirem, com certeza, mas é tudo parte do que sou agora. Quem eu me tornei e estou me tornando.

Quais foram seus discos favoritos do ano passado?

Chris Simpson: Ah, garoto. Eu não ouço muita coisa atual. Eu realmente gosto do The Walkmen, eles lançaram algo novo ano passado? Parece que eles estão sempre lançando discos. Eu amei o último disco do Bright Eyes, The People’s Key, foi ano passado? Eu não consigo acompanhar. Bill Fay lançou um disco novo pela primeira vez desde o começo dos anos 70, eu amo isso.

Quais são as coisas boas sobre estar em uma banda que só se aprende fazendo parte de uma?

Chris Simpson: Há coisas boas sobre estar numa banda? Não, é claro que sim. Faz algum tempo que eu estive em uma banda realmente consistente, mas a camaradagem e o vínculo criativo podem ser tão emocionantes. Eu acho que você não experimentaria isso se não tivesse numa banda.

Obrigado Chris! Eu sei que as pessoas que leem nosso blog realmente apreciam sua “carreira musical” em um todo. Por favor, deixe uma mensagem para elas, qualquer coisa. Realmente agradecido.

Chris Simpson: Obrigado! Eu apreciei muito responder suas questões. Paz e amor para você e todos seus leitores. Esperançosamente eu possa ir ao Brasil e tocar para vocês algum dia. Parece tão distante, mas o mundo é pequeno e está ficando menor a cada dia, nunca se sabe.
-
Você pode encontrar a música do Zookeeper aqui: 

Um comentário:

  1. Caralhooo que foda! Chris é animal mesmo! Passei a curtir até mais Mineral haha (Gatti)

    ResponderExcluir