Por “x” motivos, sabemos que o segundo
álbum de uma banda é sempre uma incógnita. E não podemos esquecer que o Modern Baseball é, ao todo, uma banda
realmente universitária; leem bons livros, querem sair do senso comum,
introspectivos cautelosamente ao ponto de evitar não ser convidado para as
festas alternativas mais legais. Talvez pelo medo de se expor, as letras de Brendan Lukens ganharam mais um caráter
de história.
O vocalista já deixa claro: “tudo
o que eu quero é me preocupar com todos, exceto eu”, em temas que tratam sobre
distância, interferência do passado no presente, recordações. Acompanhado do
outro compositor da banda, Jacob Ewald,
Brendan elabora um audacioso jogo narrativo onde o eu lírico está imerso em
situações pretéritas e atuais. Talvez seja mesmo um retrato da primeira pessoa
que está em demasia na música contemporânea, porém no Modern Baseball as situações são tão reais que não consigo me ver
fora destas. Relaciono-me completamente com letras tão sinceras. Daí o álbum
arraigar em mim raízes tão discursivas, porra, esses meninos vivem as mesmas
coisas que eu! Fica fácil ter empatia e se identificar com a abordagem
introspectivo-irônica.
As composições contam casos
escancarados, onde não há muito autoestima. As letras não estão preocupadas com
serem afáveis, cortês, amáveis; não! Brendan encara com refinada ironia
términos de relacionamento. Por isso o garoto não hesita em oscilar entre
gentilezas- “Mas você é a brasa do meu coração/ Quer você goste ou não” - e
xingamentos simples e diretos – “vai se foder”. O álbum é uma montanha-russa em
tudo que varia entre esses extremos, coisas tão comuns da juventude, essa tal
de bipolaridade. O menino é bom em alegorias e situações visualmente muito
fortes, com grande estrutura de “cenas”.
A constituição sonora do conjunto
tem seus créditos em bandas contemporâneas de rock independente como Born Ruffians e Johnny Foreigner. Isto claramente “livra” a banda de rótulos
simplistas, por exemplo, “pop punk”. É
um álbum muito curto e o Modern Baseball
não está interessado em longas sessões, a mensagem tem que ser mais direta
possível. A estética de “garotos universitários e inteligentes que também sabem
se divertir” se embasa no lo-fi
festivo do Titus Andronicus até
músicas acústicas como o The Extra
Glenns. Tudo isso fica mais evidente na faixa "Going To Bed Now", onde é notável todas essas influências, do folk ao punk, e essas associações na
letra que referem a temáticas completamente atuais com grande ironia.
Eu já falei sobre isso na resenha
do You Blew It! , como é no mínimo estranho que as bandas
baseadas em simples rock, no conceito tradicional, e discursa sobre problemas
pessoais e de relacionamentos, como o Ozma
, imediatamente são descritas como emo.
O que realmente acontece aqui. Instrumentalmente, é um meio termo entre o folk punk e o pop punk. Músicas
estruturadas em torno de repetição de palavras, poderosas, variando na
velocidade. O que chama a atenção para a banda é o mesmo que tem acontecido com
outras consideradas – e mais justamente- emo,
uma rápida evolução em três anos e pouco de Modern Baseball. Isso fica claro nas composições: mais
esperançadas, ambiciosas, variadas. A pós-produção de áudio fica por conta de Will Yip (que recentemente trabalhou com
grandes nomes como Pity Sex, Man Overboard, Daylight). Obviamente, soa muito mais competente que Sports (o primeiro álbum da banda).
É quase categórico que bandas
assim têm potencial para maior público, ainda que abordem questões tão
peculiares entre a transição da segurança da rede adolescente e um mundo que
invariavelmente não vai te poupar. Mesmo dialogando sobre términos de amizades
e escapes fúteis em relação a isso. É tudo uma montanha russa bipolar de
emoções. O efeito da causa que foi o Introverted
Romance in Our Troubled Minds, da banda P.S. Eliot. Isso porque todos os contos são assombrados por
problemas. Em suma, aquele tipo de disfunções que sofremos muito na hora, e que
depois vão abrandando com o tempo, e que parecem que não existiram um ou dois
anos depois, enquanto voltamos sozinhos para casa, com leveza, pensando sobre
tudo aquilo que sentimos falta.
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