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domingo, 19 de janeiro de 2014

Mogwai- Rave Tapes [2014]

E será que o seu último/ juízo/ foi de paz/ e profunda alegria// antes de derreter/ as suas asas/ e tombar cá do alto/ para o sólido/ e carinhoso chão?”, Ana Luísa Amaral

Saber o que é a música contemporânea. Melhor, assimilar a profundidade de afinidades musicais e estéticas. Os integrantes do Mogwai estavam espalhados pelo mundo, depois se reuniram e de uma vez, em Glasgow, gravaram Rave Tapes. E por isso o conteúdo “cru” do disco, o esqueleto fica claro na primeira audição.

Os elementos eletrônicos se misturam aos versos de guitarra contemplativos tão famosos no Mogwai. Isso trabalha junto com as músicas “pé na porta”, na forma mais tradicional que se constituiu na carreira da banda.

A estrutura “para-começa-para” , tão comum em bandas da Dischord, está aqui, assim como a harmonia eletrônica de conjuntos como o Organisation. Pode parecer absurdo citar bandas tão diferentes, mas o som do Mogwai dispõe de várias texturas.

É claro que o Mogwai não está se reinventando, principalmente se considerarmos a estreia deles, Young Team, onde já desafiavam o modo como ouvíamos música. O ponto é que é uma banda já segura de si, ainda assim não ficando amarrada em tradições que ela mesma envolveu, indo de grandes partes que parecem orquestradas até suspiros rápidos ofegantes.

No fim das contas, Rave Tapes mostra um Mogwai atualizado, não acomodado. Abusando de irreverência, barulho, sintetizadores, o grupo lança mais um álbum que respeita sua coerente discografia, ao tempo que aventura em novas áreas. Pode não ser o Mogwai inovador do primeiro disco, ou chapado do My Father, My King; mas é um passo a frente na carreira e sonoridade do conjunto.

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