“E será que o seu último/ juízo/ foi de paz/ e profunda alegria// antes
de derreter/ as suas asas/ e tombar cá do alto/ para o sólido/ e carinhoso
chão?”, Ana Luísa Amaral
Saber o que é a música
contemporânea. Melhor, assimilar a profundidade de afinidades musicais e
estéticas. Os integrantes do Mogwai
estavam espalhados pelo mundo, depois se reuniram e de uma vez, em Glasgow, gravaram Rave Tapes. E por isso o conteúdo “cru” do disco, o esqueleto fica claro
na primeira audição.
Os elementos eletrônicos se
misturam aos versos de guitarra contemplativos tão famosos no Mogwai. Isso trabalha junto com as
músicas “pé na porta”, na forma mais tradicional que se constituiu na carreira
da banda.
A estrutura “para-começa-para” ,
tão comum em bandas da Dischord, está
aqui, assim como a harmonia eletrônica de conjuntos como o Organisation. Pode parecer absurdo citar bandas tão diferentes, mas
o som do Mogwai dispõe de várias
texturas.
É claro que o Mogwai não está se reinventando,
principalmente se considerarmos a estreia deles, Young Team, onde já desafiavam o modo como ouvíamos música. O ponto
é que é uma banda já segura de si, ainda assim não ficando amarrada em
tradições que ela mesma envolveu, indo de grandes partes que parecem
orquestradas até suspiros rápidos ofegantes.
No fim das contas, Rave Tapes mostra um Mogwai atualizado, não acomodado.
Abusando de irreverência, barulho, sintetizadores, o grupo lança mais um álbum
que respeita sua coerente discografia, ao tempo que aventura em novas áreas.
Pode não ser o Mogwai inovador do
primeiro disco, ou chapado do My Father,
My King; mas é um passo a frente na carreira e sonoridade do conjunto.
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