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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Dennis Johnson - - November (R. Andrew Lee, 2013)




Lembro-me de outros caminhos,/ logo perdidos/ na metamorfose da madrugada.// Nunca estou onde estou,/ fogem-me abraços,/ harmonias e desalinhos. (A cidade sonhada)”, Alexandre Marino.

Espero que você tenha algum tempo disponível para apreciar esse disco. E não me refiro a mera uma hora, pois isso é ¼ do tempo que você vai precisar para ouvir November completo, um clássico protominimalista escrito pelo lendário Dennis Johson, que jogava no mesmo time de compositores como Pandit Pran Nath, John Cale e Tim Parkinson.

Até a gravação épica completa do pianista R. Andrew Lee, o mundo nunca tinha sido brindado com uma versão inteira da obra, que aparentemente só foi executada pelo seu criador algumas vezes, e que foi de grande influência para o pianista La Monte Young.

Kyle Gann (crítico e compositor nova-iorquino) ficou obcecado com essa música quando escrevia a biografia de Young, este lhe deu uma demonstração em fita cassete contendo mais de 100 minutos do trabalho de Johnson, e assim que foi possível digitalizar esse cassete, Gann o fez.

O próprio Johson enviou a Kyle um manuscrito autorizado da composição, mas como ele estava com problemas de saúde não pode concluir toda a música, Kyle então decidiu presumir a partir da fita cassete e do manuscrito enviado por Dennis.

As anotações sobre composição da peça variam a ponto de parte ser escrita na década de 70 e outra em meados dos anos 80. Gann tinha ouvido que a ideia inicial de Johnson era November ter cerca de seis horas, o que foi fundamental para Kyle elaborar variações a partir do manuscrito original, pois tal obra comporta inúmeras estruturas, mesmo que mínimas.

Ele estreou com sua amiga pianista, Sarah Cahill, uma apresentação da peça, onde ambos se revezavam no piano a cada hora. R. Andrew Lee era uma das dezenove pessoas da audiência, ficou extremamente tocado com a música e decidiu que ela precisaria de uma gravação à altura, para ressaltar toda técnica minimalista criativa dessa obra já antiga.

O épico então estava prestes a tomar a proporção do corpo que se tem ao ouvir a gravação. O que totaliza quase cinco horas de ecos silenciosos e como o mudo se desloca enquanto som ao ser marcado por um piano melancólico, como se cada nota tocada por Lee e criada por Johnson finalizasse um vazio insuportável.

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