“O casamento é o estado civil mais indicado para homens que, como eu,
não gostam de conviver com outros”, Fernanda Torres.
Embora não fosse necessariamente
um “estouro”, a estreia do I Break Horses,
o álbum Hearts, chamou atenção para o
duo sueco. Eles conseguiram capturar os elementos eletrônicos e, coisa que é
rara, dar a tal da “identidade”. Essa mistura
de vocais “dream pop”, com
sintetizadores não é algo novo, todos sabem, mesmo assim a dupla conseguiu
certo destaque entre os apreciadores do estilo.
Chiaroscuro tem um desenvolvimento mais lento, contemplativo, sem o
peso de ter que causar uma primeira impressão.
A mudança e o novo tom do duo podem ser percebidos logo na primeira
música; embora Lindén ainda mantenha
sua voz “refém” de suspiros, a base da música é mais espaçada, submersa por
baixo da melodia dos sintetizadores. Os resquícios também cessaram da
influência do shoegaze no primeiro
álbum, se há alguma semelhança com o estilo, é só o vocal lento, cristalino,
murmurante.
Aliás, qualquer possível ligação
com o rock -e as guitarras- foi cortada. Embora não fosse o centro no disco
anterior, aqui elas realmente não aparecem. As batidas não são mais
minimalistas. Parece que toda a influência deles para a construção desse disco
foram músicas eletrônicas sem vocal, o que faz a voz de Lindén não essencial para a construção estética. Esta continua com
letras simples, provando que o apuro sonoro é o que se mais busca. A escolha da
dupla em não atribuir grande importância para a letra não deve ser notada por
muitas pessoas, o que mais interessa é a maneira da música ser conduzida e
formulada.
O resultado é que pode soar meio
genérico para quem já tem certa introdução na música eletrônica. Mas não
significa que eles não alcançaram êxito, talvez as ideias não fossem tão bem
desenvolvidas, mas é sim um mundo denso de formas paradoxais. Essas abstrações,
no entanto, soam simplistas, idealizadas. Prolongar músicas é tentador, operar
mudanças nestas também, acontece que é o mesmo sintetizador durante sete
minutos e meio- nas faixas mais longas- e não há alternâncias significativas
que justifiquem a repetição. Mas, como referi há pouco, esse álbum tem algum
êxito. Principalmente a interação da voz de Lindén
com os sintetizadores, em que o “conceito” do disco é posto de lado- não
sabemos se intencionalmente- para a dupla brilhar no seu melhor.
No fim, eu acabo com certo temor
de que o I Break Horses transforme-se
em um desses pops em que músicos
acreditam que apenas uma boa produção- outro ponto positivo desse disco, a
criação é cristalina- já os catapulte como forma de arte. A tentativa de
alcançar algo muito formulado talvez seja um pouco forçado, o que não tira o
prazer de ouvir músicas como a bela Heart
To Know.
Nenhum comentário:
Postar um comentário