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quarta-feira, 28 de maio de 2014

Um mundo fascinante- uma entrevista com This Lonely Crowd.




"Em vão espero
  as desintegrações e os símbolos
que precedem
     o sonho"
- Jorge Luis Borges


Há alguns álbuns que, mesmo em pleno 2014, época que temos milhares de ramificações e toda hora tentamos encontrar um novo rótulo para uma nova mixagem sonora, simplesmente nos instigam. Basta ouvir os primeiros riffs para sensação de inquietude ser plantada pelas várias disseminações. E é triste constatar que estéticas com tamanha propriedade fiquem confinadas em certos subnichos. O sonho sugerido na frase que acompanha a arte do disco vem embalado em fragmentos. Integrantes díspares de um mundo fascinante. Doces linhas melódicas que nos levam a outro estado. Um balanço entre experimentações sonoras que afogam o ouvinte com linhas harmônicas mais clássicas que ficam se repetindo em nossa mente.

E a evocação de uma imagética toda distinta é realmente uma das maiores forças de Mobius and the Healing Process. Mas tem mais.

Mobius and the Healing Process [2014]
 
Gêneros que exploram a guitarra, como o shoegaze e o post-rock, tendem já a me deixar bem animado. Interessante como eles se diluem aqui, o que é uma amostra da grande carga emocional que acompanha as quebras de tempo, as paredes sonoras. Somos catapultados a um estado permanente de transcendência onde o dialogo com o imaginário constante inibe a racionalidade pura, relegando a um terreno secundário.

O This Lonely Crowd tem algumas influências nítidas, mas tudo conflui para uma abordagem estética própria, um ambiente de “sonho”, como o A Silver Mt. Zion construiu esse ano. Os intervalos em que as mudanças ocorrem apontam para a parte mais horrível dos devaneios, vulgo pesadelo. Uma demonstração está em Forlorn Hope, onde o vocal é praticamente doentio e as distorções crescem com a bateria e a frase “you have no idea” ressoa, com suspiros entrecortando. Esse paralelo com a banda do Efrim também estabelece a pluralização dos conceitos que tanto esse álbum como o Fuck Off [..] apontam, partes mais bonitas e harmônicas em contraste às desilusões profundas numa intensa paisagem sonora.

O estilo imputado pelo Lonely Crowd é como uma reunião de vários fragmentos de diversas orientações sonoras. As afinidades transitam pelo rock alternativo, músicas mais riffadas, tempo lento e atmosfera obscura, texturas mais sonhadoras e suaves. Mas essas misturas soam naturais sendo que a miscigenação fica no plano secundário, o que dirige a sonoridade são as emoções. Os próprios títulos das faixas indicam isso. Lógico que comparações surgirão, pelo fato da banda transitar em um vasto terreno, sendo muito semelhante ao que tem se chamado de blackgaze. As músicas são utilizadas como iminências no transito poético, onde momentos pequenos revelam a fresta- de alívio, dor, tranquilidade, solidão- que é a camada mais profunda da sonoridade, subterrada por frases de guitarra, distorções e melodias que se entrecruzam e dissipam quase imperceptivelmente.

A ambiência onírica é levada ao extremo, através de uma história cujas emoções são potencializadas tanto em termos líricos como sonoros. Interessante a distribuição das faixas, como cada uma simboliza algo, ao mesmo tempo em que há uma ligação bem forte entre elas. São pequenas partes individuais que criam todo transe, onde é impossível escapar e ainda assim sentimos diferentes sensações. São impressões artísticas reveladas nas mudanças de andamento, em uma microfonia ou harmonia- ou até mesmo racionalizações sobre salvação, contemplação e cicatrizes- é um espaço vasto explorando temas entre o amor e a morte iminente.

Em Mobius and the Healing Process, o This Lonely Crowd nos contempla com infusões profundas em diversos aspectos sonoros. Na produção contemporânea acelerada, onde muitos falam que a música está em ruínas (e não dizem isso há cinquenta anos?), essa banda consegue um verdadeiro sucesso estético ao resignificar distintas abordagens em um ambiente tão transbordante.
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Como evidenciado acima, eu gostei muito desse disco, e pedi uma entrevista com a banda. Eles foram muito gentis e aceitaram fazê-la, dando respostas bem esclarecedoras sobre a produção do álbum e outros assuntos importantes relacionados à música independente, influências, etc:

(This Lonely Crowd é: Bubba the Panda: guitarras, Cyrus the Brewer: guitarras e voz, Teeth: voz e guitarras, King Thrushbeard: baterias, White Queen: baixo e voz)


Quais são as principais mudanças entre o Pervade e o Möbius?

Teeth: primeiro de tudo, o Granamir, nosso baterista anterior, saiu do TLC por motivos geográficos/trabalho. Daí convocamos o grandioso King Trushbeard, que além de ser amigão nosso de longa data, já havia tocado várias vezes comigo, há muitos anos atrás. Ele também chegou a produzir algumas faixas do nosso disco só de sobras, o Doppeldanger. Na verdade, ele (King Trushbeard) não sabe, mas quando a gente estava montando o TLC, do meio pro fim de 2009, íamos convoca-lo, só que ele estava apurado e nem fizemos o convite.

White Queen: esse é de longe nosso disco mais temático. É uma estória só, uma fábula contada em capítulos. É o nosso disco mais extremo: fúria e esperança, dor e conforto! Têm muitos detalhes, mais do que de costume.

King Trushbeard: Pra mim foi um prazer entrar na banda no comecinho de 2013. Topei logo de cara o convite, estava precisando tocar, aquela coisa engasgada, tinha que voltar a tocar bateria. Já respeitava muito os trabalhos anteriores da banda e tinha uma amizade muito grande mesmo antes de ensaiarmos juntos.

Cyrus: O Möbius não existiria se não fossem alguns conceitos criados na época do Pervade. The Fugue, música do Pervade, tem muito do que é o Möbius como um todo. A principal diferença é que com o Möbius conseguimos realmente visitar um caminho experimental que sempre foi vontade do TLC abordar, com bastante calma e tranquilidade. O Möbius também marcou alguns problemas internos de saúde dentro da banda que invariavelmente entrou no processo e por fim fortaleceu o conceito.

Bubba The Panda: Na minha opinião o Möbius representa um amadurecimento musical da banda. Ficamos muito contentes com o resultado final do disco e principalmente com esse caminho experimental que o Cyrus comentou. É o meu disco favorito!


Influências de post-rock/shoegaze estão presentes em sua música, mas também incorporam muito mais. Quais outros estilos que vocês também recorrem?

Cyrus: A banda foi formada por ‘metalheads’ na grande maioria, mas a gente homenageia muito as bandas de guitarras interessantes dos anos 90. Não descartamos nada, mas instintivamente os sons são levados para esse lado.

Teeth: Bom, nosso negócio é Rock. A gente sai misturando tudo o que nos agrada, dentro do Rock. E o som pesado é o foco, na maioria das vezes. O metal, desde a NWOBHM até o death metal é algo que adoramos usar de referência. O shoegaze e do post-rock são estilos que trabalham ambiência e construção de climas e usa-los junto é muito instigante. Falamos certa vez, em outra entrevista, que seguíamos uma bússola: pra um lado, o metal, pro outro o experimental, pro outro o shoegaze, e pro outro o post-rock. No Möbius, essa bússola ficou maluca, girando de um lado para o outro sem parar, hahahahah...

King Trushbeard: Eu sou a ovelha negra da banda. Acho que sou o único que gosta de um pop descaradamente. Ouça o começo de Feeding e me diga se não vai entrar um Air logo em seguida; essa foi a minha intenção na escolha do kit para bateria e da mixagem.

White Queen: ahh, mas nós devemos muito ao Pop. Sempre colocamos um pezinho lá, senão seriamos só uma banda instrumental. A voz incorpora muito disso, mesmo sabendo que a gente não usa refrões. É legal reverenciar isso também, pois acaba combinando bastante se você usar como um ‘tempero’.

 
A sonoridade da banda, junto com o excelente trabalho de arte, nos remete a outras artes, como literatura, áudio visual. Como essas estéticas influenciam a banda e quais artistas mais lhes influenciaram no processo de criação do Möbius?

Teeth: a gente sempre começa um disco pelo conceito, e esses conceitos sempre vão ser ‘vestidos’ pela parte literária. Ao longo do desenvolvimento das ideias e tal, acabamos incorporando mais inspirações, como alguns filmes. Isso é decisivo para o TLC existir. Inicialmente, só fazíamos música inspirada em contos de fadas, mas expandimos para fábulas para toda e qualquer idade. Têm centenas de autores adorados, alguns clássicos e outros nem tanto. Para o Möbius, o próprio nome denuncia: tem o Mœbius, desenhista/quadrinista francês falecido em 2012, e sua obra maravilhosa. Tem a fita de Möbius, que é um objeto matemático usado na construção do álbum. E autores como a Sylvia Plath, que tem uma música inteira só dela, o Neil Gaiman, o Clive Barker, Jorge Luis Borges etc etc etc...

White Queen: e a arte do Julian Fisch, nosso sexto membro, responsável pela arte nos discos desde nosso primeiro álbum cheio. Algumas vezes, ele até dá dicas para as músicas. Nesse disco ele participou bastante, porque ouviu várias versões antes da final e ficou sugerindo mexer em um monte de coisa.


As distorções e paredes sonoras são realmente incríveis. Por favor, como vocês se aprofundaram em seus instrumentos e como aprenderam a usar pedais, etc?

Cyrus: Nós sempre fomos guitarristas com essa base no metal, totalmente pé-rapados, sendo que nosso ápice era conseguir uma distorção medieval qualquer. Eu inclusive montei uns pedais fuleiros na fase pré-TLC. Com nossa vida profissional melhorando, conseguimos melhorar o set aos poucos e, entendendo nossas necessidades, posteriormente cada um se especializou de forma natural nas suas preferências. No TLC, principalmente ao vivo, pode-se perceber que cada um possui seu estilo e pode exercer esse papel com total espaço, mas dá pra perceber que nossa habilidade foi criada nessa época com poucos recursos.

Teeth: poxa, a gente fica até com vergonha de falar, pois parece que dominamos o negócio quando na verdade somos guitarreiros de várzea. Trabalhamos muito, muito sério para o som ficar potente. Como o Cyrus falou, cada um tem seu papel e geralmente nos revezamos na hora de definir quem faz o que. Se não tomar cuidado, tocar com três guitarras pode virar um fiasco. Sempre colocamos um desafio novo, seja um solo, um efeito, uma troca inusitada de pedais, para continuar estudando o que fazemos no TLC. O uso de pedais para a gente é tentativa (MUITAS) e erro. Para gravar, simplificamos a cadeia e deixamos o mínimo possível, até para poder mexer na pós-produção, o que às vezes acontece com as ambiências. Ao vivo, montamos os sets de pedais com loopers para não misturar demais e perder sinal. Tem uma regrinha simples que a gente segue, que é de usar distorções em 3 degraus: um low gain, um high gain e um fuzz estourado. Quando estouramos em uma faixa, é porque subimos essa escada. Pedais mais extremos (e pouco versáteis) como o Fender Blender costumam entrar por um dos canais do looper com o mix lá pela metade, pra não embolar. É assim que fazemos desde o começo, só fomos ajustando uma coisa ou outra com o passar do tempo. E muito divebomb também...

King Trushbeard: Na Locked-Inn eles me colocaram na parede. Eu tive que aprender a tocar o famoso blast beat, que vem lá do death metal, algo quase insano mesmo. É uma zona que eu não estou acostumado, mas confesso que no fim foi bem divertido de tocar. Demorou algumas semanas pra eu pegar o tempo. 240bpm. Coisa de Derek Roddy! hehehhehehehe Na realidade, pra mim, tocar com o TLC foi reaprender muita coisa no geral e sair um pouco da minha zona de conforto. Tem alguns desafios bacanas que só me fizeram crescer.

White Queen: é bem isso, sair da zona de conforto e ter sempre um desafio. Nos primeiros EPs, eu não usava nada. Hoje, uso uns 5-6 pedais, só pra arredondar o timbre. Mas não entendo disso, os meninos regulam pra mim!

Bubba The Panda: Um dia eu acho que ainda vou aprender a usar os pedais...hahaha. O mais interessante é que nunca estamos totalmente satisfeitos com o nosso set e sempre tentamos aprimorar, acaba virando um vício. Hoje toco com no mínimo 10 pedais e não me vejo tocando com menos. Quero ver daqui a uns 5 anos!

 
O que os inspira a criar música? Como Curitiba está envolvida em seu processo criativo?

King Trushbeard: Pra mim a inspiração não pode ser planejada. Não consigo pensar em algo que me inspire, aí de posse desse "artifício" eu resolvo sentar e compor. Não. Acho que são muitas coisas que me influenciam, melhor dizendo. Acho que a maioria das vezes eu começo de maneira pessimista até, como se não fosse sair nada... E das 277 vezes, 2 delas eu consigo aproveitar e me divertir bastante. Bom, Curitiba, do ponto de vista de incentivo por parte do estado à cultura em geral, é péssima, lamentavelmente. Cerca de 70% da população gosta de futebol. Acho que uns 20 a 30% consomem e vivem outro tipo de cultura na nossa cidade. Acho que uma coisa puxa a outra. É bom você ir assistir uma peça de teatro do seu vizinho, ou ir num show de uma banda de um amigo. Acho que isso incentiva de certa forma e também muda a maneira como as pessoas criam arte.

Cyrus: Curitiba está envolvida em fornecer o clima frio que nos faz ficar dentro de casa compondo!

Teeth: criar música é uma das coisas que me faz sentir vivo. Simplesmente não consigo me privar disso. Curitiba é uma cidade diferente das outras capitais do Brasil e o clima frio realmente nos dá mais vontade de compor.


Como é foi que ocorreu a seleção das faixas que entraram no Möbius e como foi o desenvolvimento delas?

Teeth: nossa, agora não vou mais parar de falar, hahaha. Sobrou MUITA coisa. A seleção foi feita em função do todo, do disco ser uma faixa única. Algumas coisas ficavam boas sozinhas, mas ruins ali no meio. E vice-versa. Como é um disco extremo, o risco de ficar uma obra inconsistente ou heterogênea demais foi uma sombra sobre nós. Mas eu acho que acertamos. Houve músicas que saíram prontas já de cara, como Gentle (a primeira que fizemos para o disco) e a The Greatest Possible Solitude. Outras foram simplesmente descartadas e devemos retrabalhar para ir lançando. E outras foram modificadas até chegar à versão final. De outubro até março, ficamos lapidando, lapidando, ouvindo o disco como uma faixa só e tirando as partes que não estavam nos convencendo. O Julian Fisch ouviu várias versões e colaborou bastante comentando e sugerindo modificações. A Feeding é um dos bons exemplos de faixa modificada, onde era uma música meio linha-reta que o Trushbeard pegou e jogou dinâmica e uma intensidade maravilhosa. A Sleepers Among Petals era totalmente diferente, tinha umas partes malucas, contratempos, solos esquisitos e passagens que cortamos para deixar só o miolo. O Cyrus falou, ‘tem que ter o solinho-fill na parte pesada, de tal jeito, senão não vai rolar’. Deixamos só o começo (leve) e o fill (pesado) e o negócio ficou legal. Cada música tem uma história, que nem capítulos de um livro.

White Queen: a Aphorisms, a Sleepers e a Some infinite Longing foram as últimas a entrar. A última faixa era totalmente diferente, mas acabava igual. Por isso chamamos o um minuto e meio final do disco de Healing Team, pois isso não mudou e está desde as primeiras versões para encaixar com a faixa de abertura.


Quais os próximos planos da banda?

King Trushbeard: Eu gostaria muito de tocar no Uruguai, no Estádio Centenário.

Teeth: olhai, boa ideia. Vamos fazer mais um show nesse ano, em Curitiba. O Elson, da Sinewave, que é nosso irmãozão, quer que a gente toque no Sinewave Festival de São Paulo. Dessa vez, é muito viável. E vamos gravar muita coisa ainda. Estamos articulando um split com o Sorry Shop (RS), mas os detalhes são surpresa.


Como está a cena musical de Curitiba?

King Trushbeard: Muitas bandas falam que tá ótimo, muitos falam que tá horrível. Não sei se é uma tendência nacional, mas aqui os bares estão abrindo espaço pra bandas covers. É um ciclo vicioso. Uma boa parcela do público, mais da metade, gosta muito de dançar sua música favorita na balada. Então os donos de bares, que não são bobos, incentivam cada vez mais a molecada que tá começando a pegar sua primeira guitarra a montar uma banda cover e fazer uma divulgação como se fosse a real banda que fosse se apresentar no lugar. E esse ciclo parece não ter fim. Existem muitas bandas daqui excelentes, e muitas ruins. É comum em todo lugar. Existem também aquelas que se agilizam, correm atrás, viajam, fazem shows regularmente. Bacana, mas há também uma decepção de todos os envolvidos pela falta de ritmo de festivais, casas noturnas organizadas e com fins lucrativos. Sim! A música é um negócio. Acho que muitos músicos acabam dando um tiro no pé quando tocam de graça e os bares se aproveitam mais ainda disso. Estamos só pensando no dia de hoje, sem planejar algo maior para Curitiba. Toda cidade deveria ter um plano pra 5, 10 anos. Enfim, acho que aqui em Curitiba tem muitos músicos tentando levar uma carreira musical profissional, e de certa forma até conseguem, mas como BANDAS AUTORAIS acho que são poucas as que insistem e conseguem sobreviver disso.

Cyrus: Não sabemos mais, está tudo muito disperso...Pouquíssimos lugares para tocar, pouco apoio, mas não dá pra reclamar da cidade pois é um reflexo geral do país e da música em geral. Mas mantendo o clima altruísta da pergunta, se você questionasse o cenário curitibano das cervejas artesanais eu saberia responder bem melhor! A Bodebrown, a melhor cervejaria do Brasil por 2 anos consecutivos, além da Way, Morada, Dum, além de outras despontando como a Death by Brew, Ogre, entre tantas outras...


O quanto vocês mudaram como músicos e pessoas desde Some Kind of Pareidolia para o Möbius?

Cyrus: Não muito, na verdade. Mantemos os mesmos trabalhos e não somos pessoas que estudam música como prática ou teoria. Estamos apenas melhores em projetar as imagens da mente em forma de música, dando mais espaço para os vazios e deixar a música respirar melhor e sem restringir o caminho do som, nem que o som se torne por consequência um metal extremo!

White Queen: estamos um pouco melhores ao vivo, menos envergonhados. O King Trushbeard nos ‘profissionalizou’ demais e isso teve um impacto muito forte na qualidade dos nossos shows.

Teeth: São 3 anos entre esses discos, então acho que o nosso aperfeiçoamento é exatamente esse que o pessoal falou. Mas isso acontece para todo mundo, não é? Vamos ficando mais ‘sábios’.

Bubba the Panda: Acho que toda mudança é lenta e gradativa, mas com certeza houve melhora na criação e na execução. O que chama mais atenção nos últimos 3 anos é a maior tranquilidade de tocar ao vivo, como a White Queen comentou.


A banda, às vezes, tem bloqueio criativo?

Teeth: acho que não. Não precisa todo mundo colaborar em todas as músicas, tem músicas mais de um, mais de outro... Quando um cansa, o outro assume. Então pode acontecer de ficarmos uns 2 meses sem gravar nada útil e de repente sair em um final de semana umas 5 faixas boas. Ou ainda, quando estamos esgotados, procuramos nos arquivos riffs antigos e tal e recriamos para ver se o negócio vinga.

White Queen: Nunca!


Quais bandas são seus remédios?

King Trushbeard: Geralmente bandas novas ou discos novos. Não gosto muito de me "curar" com músicas antigas. Pra eu abrir um sorriso basta eu me conectar no youtube, digitar algumas bandas e ver os relacionados. Começam a aparecer cada coisa nova ANIMAL que cura qualquer tristeza minha! Tem muita coisa boa sendo criada e muita coisa boa sendo recriada. Adoro novidades.

Teeth: hoje em dia, quase não escuto banda grande. Só coisa independente. Das grandes, tenho escutado o que já escutava antes, de 1970 até 1999. A grande maioria das bandas famosas dos anos 2000 inexiste na minha biblioteca. 

White Queen: Depeche Mode. Bowie. NIN. ABBA!
 
Vocês ainda ouvem as bandas que vocês estavam ouvindo quando começaram na música?

King Trushbeard: Não tenho vergonha nem me esqueci das minhas bandas favoritas. Cada vez mais tenho a vontade de agregar mais influências, é um instinto de curiosidade que nunca tem fim. Até porque eu já ouvia música antes de começar a fazer música. Minha influência vem muito dos discos que meu pai ouvia. Meu pai gostava muito de Funk, Soul Music, Jazz (várias vertentes) e posso dizer que até hoje eu gosto disso, e muito. Mas é claro que o jazz é mais difícil de lembrar na infância, o mais natural é lembrar-se das músicas pop e eu tenho uma veia muito forte pra esse estilo, principalmente porque cresci nos anos 80 ouvindo tudo que tocava na rádio naquela época. A maneira de descobrir e a velocidade com que se tem acesso hoje em dia mudou radicalmente MESMO. É até engraçado olhar pro final dos anos 80 e 90 e lembrar como a gente descobria o nosso novo ídolo.

Cyrus: Sim, posso dizer por mim e por grande parte da banda. Eu pelo menos ando destrinchando discografias de bandas que não tinha dinheiro para comprar nos anos 90. A verdade é que depois dos 30 muito pouca coisa realmente te impressiona..

Teeth: claro que sim! Uma das coisas que mais gosto de fazer é ler uma biografia e ir ouvindo os discos de novo, um por um. Isso é maravilhoso, dá outro sabor para a obra. 

Bubba The Panda: Continuo ouvindo, predominantemente, heavy metal...


Obrigado! Por favor; deixem aos nossos leitores uma mensagem final.

King Trushbeard: Paz e Bem.

Teeth: Apoiem as bandas independentes. Cada vez que a Sinewave lança um disco ou faz um show, uma banda cover do Jota Quest acaba, ahahaha. Brincadeira...

White Queen: Saúde e prosperidade...

Bubba the Panda: Não percam nosso próximo show... vai ser massa!

Cyrus: METAL!
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Para conferir a música da banda: http://thislonelycrowd.bandcamp.com/ 

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