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terça-feira, 13 de maio de 2014

The Nels Cline Singers: Macroscope [2014]


Cline é um desses manos que não encontram limites nem gêneros que bloqueiam qualquer insinuação musical que lhe passa pela mente. Em Macroscope, novamente ele se mostra como um músico que usa o jazz como ferramenta e não como gênero estabelecido- até porque suas abordagens invadem muitos outros terrenos- ruídos, samples repetidos, andamentos agitados e metais harmônicos. A sua marca é fazer de passagens tão densas e experimentais serem ainda assim agradáveis e dançantes.

Realmente, a ideia do trio de convidar músicos para faixas específicas, como esperado, potencializou o som do conjunto. Sou grande fã do Cline, mas vale relatar o nome dos outros músicos: Josh Jones e Cyro Baptista na percussão, Yuka C. Honda nos teclados, Trevor Dunn no contrabaixo e Scott Amendola, um baterista já conhecido para fãs dos trabalhos anteriores.

Apelando para uma sonoridade que irrompe em imagens, o Singers manteve as faixas raramente ultrapassando os seis minutos, algumas com melodias mais relaxadas, outras com influência de blues, o que caracteriza as partes “dançáveis”, que eu citei acima. Do desenvolvimento experimental às pontes que nos fazem querer balança, há uma camada de livre improviso enquanto as percussões não perdem a unidade que caracteriza o álbum.

Os escapes são formados por metais e agitação aparelhada. A repetição do som e a estrutura rítmica são quebradas pelas partes mais “fusion”. Fazendo jus ao nome, é a primeira vez que existe algo com vocais- claro, apenas para acompanhar o instrumental, nada de letras. Algumas canções estreiam “berros” digitais, árduos fuzz, enlaçados por frases de guitarra que nos remetem ao heavy metal.

Obviamente, os ótimos solos de guitarra merecem destaque à parte. Não são solos convencionais, como esperado Cline assina sua singularidade incrementando múltiplas projeções em um processo bem orgânico.

E durante todo esse percurso, temos vários momentos que catalisam certas sensações como anarquia, a guitarra cintilante e aflita, bateria detonando e outras anormalidades, baixo curvado. Isso tudo fica claro na última faixa, onde tudo parece tão furioso e tenso. E então, o fim. No máximo da loucura, um silêncio que mostra o rompimento inesperado em nossas bases que é Macroscope. Ou seja, um disco que nos mostra que o The Nels Cline Singers honra o título do álbum se recusando a reduzir sua sonoridade em um terreno com possibilidades tão múltiplas.

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