Depois de tantos anos, você...
As possibilidades imaginadas em
minha mente foram tantas depois de ficar sabendo sobre o novo disco do Owls. O que interferiu diretamente na
hora de ouvir o álbum. O que influenciou muito, também, é saber sobre todos os
projetos que os membros do Owls vêm
realizando nesses anos, alguns mais estáveis, outros mais singulares. Como
reunir e voltar a lançar algo inédito, sendo que o Mike tem o bem sucedido
Owen, o Tim ter feito cada vez mais
bizarrices (pro bem e pro mal) no Joan Of
Arc, o Victor criar suas marcantes assinaturas na guitarra e batalhar
contra seu vicio nas drogas, o Davey
ser uma espécie de lenda no The Promise
Ring enquanto Sam, mais discreto, seguia os trabalhos do Tim e do Victor? Two marca o retorno do quarteto após treze anos, o que gerou muita,
muita ansiedade.
Ainda no primeiro álbum, de 2001,
o Owls balanceou a singularidade de
cada integrante em prol de um desenvolvimento coletivo. As diretrizes para muitas
das bandas que se convencionou chamar “emo
revival” estão todas lá- harmonias desvirtuadas, fortes grooves harmônicos, excessivos sons
discordantes. No que se refere ao fator “estranho”, normalmente atribuído ao Tim, também existia um senso experimental
ao lado de partes mais palatáveis e fáceis. Como prova de que o Owls caminhava nessa linha tênue, o Tim saiu para jornadas cada vez mais
aventureiras e inaugurais e Mike encontrou sua zona de conforto em um projeto
solo, semiacústico. Aí temos um ponto para o Tim- surge Victor como contrabalanço
para o Joan Of Arc, sempre inovando
no sonoro que muitas vezes fez a banda não ser compreendida . Seu estilo Hella de tocar guitarra, onde esta ganha
atenção devido à sua peculiar infusão de jazz no punk rock.
A opção estética no primeiro
álbum cai diretamente no Two. É que
onde antes os artistas ainda muito novos buscavam uma individualização em meio um
rico contexto enquanto grupo musical, agora são pessoas que já estão em
respectivas áreas de aconchego. É um momento onde eles não estão em seu auge de
processo criativo, mas é o lançamento em que há um foco e ponto estabelecido, resultando
em um som extremamente interessante para quem tem acompanhado minimamente suas
carreiras. No que se refere a bateria de Mike, midwest emo anos 90 focada mais no espaçamento post-rock, lembrando Shipping
News. Ainda voltando à vida de músico, Victor faz progressões histriônicas muito
comuns dentro de seu histórico. A propagação do baixo, no entanto, não existia
no lançamento antecessor, e Sam pode mostrar mais seu talento. É um a soma interessantíssima
da evolução dos músicos pós- Cap’n Jazz.
O vocal do Tim, pela primeira vez em anos, ainda mantendo suas alternâncias,
não modifica o humor do disco. É legal vê-los juntos novamente. No retorno, a banda,
agora ao lado de várias cuja influência é inegável, não quer “dominar” esse
reino que ajudou a construir nem simular o disco uma vez criado. Como toda a
carreira desses indivíduos, Two é uma
finalidade em si. A união sonora de músicos com uma tremenda contribuição para
os rumos da música independente, não puxada aos limites em respectivas individualidades,
mas com um epicentro estético único que em breve será destruído assim que eles
se separarem.
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