Não é novidade a mistura de
vários estilos, principalmente hoje, onde parece que algumas bandas são
“forçadas” a não se prender em uma base única, mas no caso do E A Terra Nunca
Me Pareceu Tão Distante, as confluências soam naturais. Explicitando emoções
através de um instrumental bem definido, o conjunto paulistano parece que
encontrou no post-rock um jeito de
desabafar. Está tudo ali, desde as transições mais tranquilas às explosões de
guitarra. É justamente essa versatilidade entre estados contemplativos e a
dinâmica quieta barulhenta, onde utilizam distorções para expressar certas
sensações. Esse projeto veio ao mundo no fim do ano passado, e esse ano foi
apadrinhado pela Sinewave. Com quatro
faixas bem gravadas e produzidas, apesar de ser o primeiro EP, a banda
demonstra enorme conhecimento naquilo que faz.
As faixas estão ligadas, desde
pontes claras, aos pequenos fragmentos e repetições. E apesar de cada uma se
diferenciar bem da outra (por exemplo, a frase constante de guitarra em PMR), a
atmosfera criada- o que determina a unidade no disco- é realmente muito
parecida; contemplativa, explosiva, onírica. Lógico, a estrutura fluída do post-rock tem um apelo muito forte ao
signo de sonho, mas há aqui também certa indeterminação que não designa lugares
comuns. O ambiente está lá, mas a cada mudança drástica, as incertezas ficam expostas
(incertezas enquanto pessoas, não as opções estéticas da banda). É justamente
aí que o E A Terra [...] não cai na monotonia tão comum relacionada a bandas do
estilo, enquanto essa espécie de singularidade envolve todo o disco, às vezes
por uma linha de guitarra, ou uma bateria mais acelerada, justificam a divisão
em faixas. Ou seja, o que torna esse trabalho tão envolvente é que ele consegue
nos deslocar enquanto obra e ainda assim não soar repetitivo.
O violino, mais ou menos a partir
dos cinco minutos de música na faixa final, vem para fechar com extrema beleza
um trabalho tão bem construído. Deixa bem claro a principal característica de
todo o disco, diferentes emoções e sensações. Como um mundo a parte, que
catalisa nossos sentimentos. Caracterizando um imaginário imagético através das
mutações que as músicas oferecem. Passamos por tantos cenários, tantas
inquietações. Um lançamento surpreendente para uma banda tão nova, e que
explicita a sinceridade com que a coisa toda é feita.
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