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terça-feira, 15 de abril de 2014

E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante - E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante [2013/ 2014 pela Sinewave - Net Label]




Não é novidade a mistura de vários estilos, principalmente hoje, onde parece que algumas bandas são “forçadas” a não se prender em uma base única, mas no caso do E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante, as confluências soam naturais. Explicitando emoções através de um instrumental bem definido, o conjunto paulistano parece que encontrou no post-rock um jeito de desabafar. Está tudo ali, desde as transições mais tranquilas às explosões de guitarra. É justamente essa versatilidade entre estados contemplativos e a dinâmica quieta barulhenta, onde utilizam distorções para expressar certas sensações. Esse projeto veio ao mundo no fim do ano passado, e esse ano foi apadrinhado pela Sinewave. Com quatro faixas bem gravadas e produzidas, apesar de ser o primeiro EP, a banda demonstra enorme conhecimento naquilo que faz.

As faixas estão ligadas, desde pontes claras, aos pequenos fragmentos e repetições. E apesar de cada uma se diferenciar bem da outra (por exemplo, a frase constante de guitarra em PMR), a atmosfera criada- o que determina a unidade no disco- é realmente muito parecida; contemplativa, explosiva, onírica. Lógico, a estrutura fluída do post-rock tem um apelo muito forte ao signo de sonho, mas há aqui também certa indeterminação que não designa lugares comuns. O ambiente está lá, mas a cada mudança drástica, as incertezas ficam expostas (incertezas enquanto pessoas, não as opções estéticas da banda). É justamente aí que o E A Terra [...] não cai na monotonia tão comum relacionada a bandas do estilo, enquanto essa espécie de singularidade envolve todo o disco, às vezes por uma linha de guitarra, ou uma bateria mais acelerada, justificam a divisão em faixas. Ou seja, o que torna esse trabalho tão envolvente é que ele consegue nos deslocar enquanto obra e ainda assim não soar repetitivo.

O violino, mais ou menos a partir dos cinco minutos de música na faixa final, vem para fechar com extrema beleza um trabalho tão bem construído. Deixa bem claro a principal característica de todo o disco, diferentes emoções e sensações. Como um mundo a parte, que catalisa nossos sentimentos. Caracterizando um imaginário imagético através das mutações que as músicas oferecem. Passamos por tantos cenários, tantas inquietações. Um lançamento surpreendente para uma banda tão nova, e que explicita a sinceridade com que a coisa toda é feita.

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