O fato de o Bag Of Bones estar em
seu terceiro lançamento já é algo que me deixa muito animado. Em Third Dimension- que foi lançado apenas
oito meses após o antecessor- há uma melhoria já prevista que afirma a banda.
Em Third Dimension soam várias referencias próximas do post-rock, e um pouco de, porque não, Snowing (embora, em posts anteriores, eu prometi em algum momento que não citaria esta
banda novamente), e dinâmicas sombrias que lembram Caspian. Tentem imaginar elementos mais árduos e agonizantes
ressoando. É um paradoxo sonoro moldado pelos oito membros da banda- ao mesmo
tempo em que tudo é extremamente confortável (como um terreno que já pisamos
antes), ainda assim a produção mezzo
caseira deixa a coisa toda sutilmente rústica. Os dois álbuns anteriores
configuram bem uma tabela de melhora gradativa no conjunto, a todo instante moldam
sua escultura mais próxima de seus objetivos estéticos. A parte obscura e tensa
dialoga com os diferentes vocais suaves, calmos, gritados. Camadas de vapor em instrumentos
diferentes que quando atingem o topo explodem conjuntamente. Não nos esquecemos
das letras, que –embora ocupem pouca parcela da estrutura das canções- são
melancólicas e nostálgicas. Pleno ano 2014, onde bandas parecem querer escrever
um romance em cada canção (ao menos que você esteja no nível do La Dispute,
onde de fato temos no mínimo um conto munroniano
em cada música), as letras aqui não ocupam nem dez linhas. Isso para não me
referir aos spoken words que dão a cara,
no estilo William Bonney . Tratando
de faixas tão “ambientes” e pretensiosas no nível de instrumentos, é curioso o
fato de poucas passarem dois minutos e meio de duração. A estratégia de criar
um trabalho compacto, ainda assim pretensioso, reforça a sensação de unidade.
Nem agressivo, nem suave, mas uma
transição entre estados é o que caracteriza o disco, das partes ambientes para
os vocais mais ríspidos, da explosão instrumental ao acústico dedilhado. Em The Wisp, por exemplo, temos uma canção
que quebra o ritmo do álbum, cuja letra refere-se basicamente ao ato de dormir.
Como um ponto inconstante, o ritmo contemplativo melancólico é passado por
declarações autodestrutivas, consciência da vida perdida, nostalgia. E
basicamente tudo que eu amo no emo:
letras tão delicadas e frágeis, onde uma abordagem sonora mais expansiva
estabelece um ambiente a ser inaugurado/experimentado. O que parece árduo, na
outra ouvida fica mais tranquilo- uma eterna transição de estados na
fragilidade da vida.
Os diversos andamentos de Third Dimension intensificam o que a
banda já vinha realizando nos primeiros trabalhos, imergindo o ouvinte em um
espaço temporal- onde muitos sentimentos são atravessados, apesar da curta
duração do álbum. Seriam sons de alegria ou tristeza que nos capturam como
pequenos momentos de transe? Aparentemente, um universo tão particular pelo
qual todos nós passamos cotidianamente.
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