As ramificações originadas pelo
trabalho em conjunto de Rob Mazurek e
Chad Taylor são as mais variadas,
isso tudo começou há dezessete anos, com a formação do seminal Chicago
Underground Duo. O que prova que músicos que se dedicam à sua arte, mesmo que
ambos já tenham circulado pelo mais vasto terreno de vanguarda no mundo,
conseguem criar um ponto de bifurcação e a partir daí executar ideias que sejam
de interesse mútuo.
Ainda que Mazurek venha se aventurando em diversos campos do eletro acústico,
incorporando sons eletrônicos e às vezes se distanciando muito do jazz
tradicional, é fundamental citar a influência clara desse gênero para seu modo
de tocar, especialmente o hard bop.
As contribuições de Taylor também vão além de jazz, muitas vezes tocando para
bandas de rock independente. No tocante à Locus,
aqui eles puxam suas fronteiras ao máximo, estudando a estética por diferentes
ritmos, harmonias e melodias.
Locus, o sétimo lançamento do Duo, representa uma quebra ainda
maior no tradicionalismo que ressoava vez ou outra nos antecessores. As
composições abordam interpretações vastas do futuro, assim como um estudo
mergulhado em música eletrônica e folk
tradicional étnico. Na faixa título, por exemplo, temos algo de post-rock pioneiro, em um ambiente
conectado com relapsos. A variação é tão grande e o campo é tão vasto, podendo
ir a um afro pop repleto de ritmos hipnóticos e dançantes. A inspiração também
chega ao Japão, em um eletro acústico que fica difícil de afirmar onde está a
linha entre passado e presente, com batidas justapostas a um baixo progressivo.
Outro atrativo do álbum, e talvez
devido a seu ecletismo sintomático, é a conexão muito mais com a cultura
popular do que a média de álbuns de vanguarda no jazz. Em diálogo constante com
a música contemporânea, a mixagem de John
McEntire é essencial para esse trajeto da dupla. Os sintetizadores, os beats, a imersão no drone eletroacústico, onde há uma espécie de onipresença enquanto o
livre improviso está desesperadamente imerso em sons fantasmas.
Globalizado em um ciclo, a última
faixa -referencialmente à Dante- encerra um percurso amplo. Seriam todas essas
imersões uma tentativa de ampliar o já vasto terreno musical percorrido pelos
dois? Nem poderia; aqui o que temos são poemas onde respectivas finalidades exigem
se pronunciar e bastar em si- o dialoga existente é justamente a micro
individualidade inserida em um macro ambiente. Partindo do conceito que em
quase vinte anos o ostracismo é repelente, Chad
Taylor e Rob Mazurek escavam a
fundo e não têm medo de afirmar que as fórmulas podem ser refeitas sempre- constantemente
seguindo em frente.
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