Desde seu inicio em 1992, o grupo cooperativo AMM tem sido intransigente em seu compromisso com a liberdade da música improvisada. Frequentemente, especialmente no começo de sua existência, isso resultou num campo sonoro agressivo e áspero, onde até o novato mais curioso pode ter (ainda no século 21) dificuldades em se aproximar. No meio da década de 80, talvez devido ao amadurecimento que vem com a idade ou a adição do pianista John Tilbury, a música do AMM deu uma guinada em direção a música contemplativa mais quieta evidenciada nesse lançamento. Na verdade, Newfoundland, além de ser um do seus álbuns mais finos, é uma das portas de entradas mais fáceis não somente ao AMM, mas na improvisação eletro/acústico em geral (será que a onda do Pará tem essas influências?). Para essa gravação ao vivo, AMM consiste de seus membros fundadores, Keith Rowe (guitarra e equipamentos eletrônicos) e Eddie Prevost (percussão), além do Tibury. O disco é uma única peça de 77 minutos, na qual os músicos constroem um espaço sonoro envolvente e frisado, variando entre os suspiros mais quietos de pratos suaves até furiosos turbilhões eletrônicos, tudo soando não forçado e fluído. Tibury, conhecido como um dos melhores interpretes mundiais do Morton Feldman, insere fragmentos melódicos surpreendentes nos procedimentos, deixando os sons mais severos emanarem da guitarra de Rowe (que nunca soa como uma guitarra) e o arsenal repercussivo de Prevost. Quando, ao final da peça, Rowe sintoniza um programa de rádio, de alguma forma soa perfeitamente apropriado; é o tom exato que se precisava naquele ponto! Enquanto essa gravação seja obrigatória para fãs do AMM ou música improvisada livre em geral, é também uma das melhores introduções possíveis ao gênero.
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