Acredito que, para muitos de vocês,
a maior dificuldade hoje em dia é, “onde catalogar música boa e daí descobrir
algo que realmente valha à pena”? Eu mesmo já segui e fui atrás de vários sites
para “acompanhar”, até que dei um chega- pelo menos pra mim, que conheço uma
quantidade relativa de gente cujo gosto eu considero “próprio”, as informações
tem simplesmente chegado. Deste modo, surgem diferentes ritmos- um mais
dissonante e maluco que o anterior- que caem no meu colo e descubro uma grata
surpresa. Note-se que, obviamente, o primeiro lançamento do The Arms Of Sleep é um desses registros
que surgem quando todas as listas de melhores discos já foram feitas e abala
sua própria noção de música. Fico muito, muito contente com a capacidade
sistêmica de a música me surpreender.
A integração dos sons compõe
sistemas de conceitos que não sabíamos que habitavam em nós- calma, tranqüilidade,
relaxamento e paz. Mesmo nos seus instantes mais tensos e fragmentados, Chinese Houses se estabelece como uma proposta
fixa de que, no fim, há uma espécie inflexível de calma. Mais do que isso,
todos os sons “paralelos” às melodias principais intensificam essa sensação.
Tudo isso se envolve numa obra que, quando visitada de uma só vez, corporifica
em seu fim tudo o que esperávamos desde seus primeiros versos. Não é como
simples “fim, inicio e começo”, não! Mas uma continuidade que vai resistir
mesmo quando o disco acabar. As melodias são eficientes ao ponto do instrumental
resistir ao mundo externo. Cole Weiche
(que é o The Arms Of Sleep)
influência nossa percepção sensorial a esse ponto.
O contexto em que vivemos- um
amontoado urbano cacofônico, trágico,
perturbardor- necessita de pausas tão serenas e meditativas como The Arms Of Sleep. Para nossas perspectivas
não persistirem tão depressivas e amparadas em um estado inerte de melancolia.
Outras perspectivas merecem serem erguidas e construídas como “esperanças”-
porque ao existir uma esperança, existe um momento de espera. O momento de
espera é sagrado à medida que este providencia transcendências apesar da realidade.
Embora tenha lá seus clímaces, Chinese Houses é construído sobre um
sistema de pensamento decididamente sereno. Um sistema de pensamento que
planeja rotas de fuga da velocidade opressiva do mundo. Um período para fechar
os olhos e respirar fundo. Não tem uma finalidade porque vamos precisar de
instantes assim a todo o momento. Chinese
Houses é o presente que merece ser desfrutado, esquecido por preocupações
mundanas e temporais. No entanto, há vários “cortes” que desconstroem a música-
como para lembrar o fim da efemeridade. Chinese
Houses se torna ele próprio um paradigma de suas esperanças. Se repararmos
bem, seu interior está cheio de “desconstruções”. Isso porque Cole sabe bem que
música não é utopia. Na falta de construções objetivas- temos a esperança. É um
disco que clama por nossa relação com ele. É um disco que, de certa forma, nos compreende.
Um ponto para fugir. Um ponto no meio do caos.
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