Sleepwalking Land parece, ao mesmo tempo em que devemos ouvi-lo seqüencialmente,
uma fragmentação de idéias. Sonoridades. Evidentemente, há um mantra que guia
todas as faixas, algo onipotente e onipresente. Essa obscura ambientação criada
por Raphael, porém, é um terreno
inquieto, construído sobre paradoxos, causando um movimento “atrativo-repulsivo”.
Incorporamos essa terra desolada
e nos agarramos nos momentos mais “belos” que o álbum estimula, para sermos
silenciados e arremessados novamente de volta à trincheira pelo clima soturno.
Sem dúvidas, uma viagem em que a melancolia parece ser o sentimento mais vigente,
enquanto o teclado, os sintetizadores e as vozes do fundo parecem nos chamar.
Mas para onde?
Álbuns assim dialogam diretamente
com nosso esboço de subjetividade. Não há “bloqueios” e entram direto em nossa
mente. Capaz de sacudir da alienação constante em que nos encontramos, Sleepwalking Land é um estranho abrigo
para quando nos sentimos alheios demais. Seu ambiente não deseja totalidade,
mas suas faixas compõem retratos e que espero que você reconheça e se amigue
desse estranhamento tanto quanto eu.
Raphael Mandra retorna com sua música decididamente não comercial.
E aqui ele parece não querer revelar tanto os “fatos” como no seu outro
projeto, Rádio Morto. Aqui, ele parece dar mais espaço para o ouvinte impor
suas dúvidas. Estas são micro movimentações que rumam a um todo invisível. Uma
viagem sempre de volta a si. Sem qualquer tipo de clichê, Sleepwalking Land nos trás aquele tipo de reflexão mais importante;
um diálogo com si mesmo sem “estratagemas”, optando pela ambientação e um
respeito enorme pela inteligência de quem está ouvindo.
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