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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Foetus- Soak [2013]

Crer-se no progresso não significa que já tenha tido lugar qualquer progresso.” Franz Kafka.

Thirlwell continua obcecado por colagens sonoras e construção descontinua. A maneira de ouvir sua música não vem com uma pré-mistura, é tudo decididamente muito vago ao mesmo tempo em que é rico.

A cadência épica de orquestras operadas celebrando grandes hinos cobre todo o percurso do álbum. Exuberantemente arranjadas, as batidas de Jeff Davidson realizam bem o papel de fazer segundo plano ao coral, enquanto aproveita as deixas para exalar viradas incrivelmente bem executadas e certeiras.

A soprano que aparece nas viagens orquestradas industriais, como Pratheism, é Natalie Galpern. Os sintetizadores fazem a festa em contraste com instrumentos classicamente eruditos; tais como piano, violinos, e referências populares variadas das mais diversas épocas.

Abby Fischer é outro cantor convidado. Thirlwell utiliza samplers de filmes de horror em contraponto com vocais pós-punk. Deve-se atentar ao que Thirlwell está fazendo; repaginando clássicos industriais minimalistas em orquestras sinfônicas, maximizando movimentos musicais intimistas em grandes e vastas obras, revertendo o caminho que compositoras como Rachel Elkind estão traçando, ao eletrificar peças clássicas famosas- ele busca o velho para reinventar o novo, em constante diálogo entre vertentes sonoras extremamente distintas.

A vastidão dos temas líricos também chama atenção, como em Kamikaze, onde narra histórias de suicidas japoneses em um refrão totalmente beatleniano, já progredindo para a invasão de cordas que nos acostumamos durante todo álbum.

Impressiona a vastidão dos temas, como a interpretação bucólica intimista de “La Rua Madureira”, clássica música do suicida italiano Nino Ferrer. O estilo oscila entre ópera, progressivo e música de vanguarda, com ambientes ora íntimos, ora interpelados por vozes sacras. A cada novo álbum o Foetus dá um aceno para possível desperto, mesmo que no meio do ato de acordar tenhamos de enfrentar suicidas ou antidepressivos.

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