“Antes de ganhar confiança em celestiais criaturas, aprendi a temer
monstros, fantasmas e demônios.”, Mia Couto
A rotulação de bandas que tocam
instrumental no gênero “post-rock” já
se tornou praticamente automática, tudo bem, porque é um termo que resume as
ambientações, interlúdios e experimentalismos possíveis dentro do gênero. O Toundra, de Madrid, não foge a
regra. Estando na ativa desde 2004, a
banda está criando um projeto ambicioso ao lançar álbuns conceituais que
dialogam entre si. O espaçamento bianual entre cada lançamento logicamente
deixa pistas de uma construção que vai além da música. A gravação apresenta
mudanças bruscas do seu predecessor, mas com o mesmo ciclo de repetições e
escapes.
O Toundra usa as noções básicas do pós-rock, eles conhecem bem essas
estruturas e passeiam por pelas distorções, ruídos e ambientações com um
conhecimento empírico enorme. O pós-rock instrumental é certeiro, guitarras
altas e fortes, o baixo mais convidativo, notáveis quantidades de melodias
sobrepostas. Toundra passeia por
todos os estados, desde a contemplação, interlúdios até partes minimalistas
quietíssimas, sempre com um resquício épico formando o trabalho incisivo do
conjunto!
Com composições que abrangem
grandes estruturas, adicionando diversos elementos populares/eruditos, o Toundra aposta em uma linha mais dura.
Pode soar muito parecido com outras bandas como Mono ou This Will Destroy You, mas quando o ouvido vai se acostumando percebemos
que é muito mais que um mero clone. Na selva de inúmeras bandas que é o post-rock (novamente, hoje em dia
qualquer banda instrumental criando paisagens sonoras leva essa tag), o Toundra se destaca por abordar elementos conhecidos em prol de uma
estrutura geográfica, apresentando um subterrâneo rico musicalmente.
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