“Não há possibilidade de existência sem narrativa, sem viver uma outra
história.”, Xico Sá.
A trilha sonora das noites
solitárias e insignificantes de uma juventude nostálgica.
Assim como eu não consigo conter
a tristeza ser inerente a meu ser, os vocais em coro alternando com o vocalista
principal, em cantos melancolicamente bonitos, cheios de dor, revelam os
enganos comuns que atravessamos durante toda a vida, e como isso parece ser o
fim do mundo enquanto jovens.
Quantas vezes eu senti tudo
esvaindo pelas minhas mãos, de repente tudo é frio, inóspito. A vida toda
parece uma despedida. Coros cantando a ausência, cordas, frases de guitarras e
cantos distantes quase sumindo no ar como fumaça de chaminé, quando as
transformações parecem improváveis.
Mordido pela melancolia, a noite
celebra minha ausência e ampara a solidão. A paisagem sonora vai se ajustando
ao ambiente, criando nuances no dialogo entre as guitarras. Tudo é lento, alma
velha que não se ajusta ao túmulo, melancolia crescente que agora é “eu”, um
canto gentil enquanto a guitarra cria versos avulsos para uma bateria
simétrica, quando eu não estive desapontado?
Eu desejo que o meu melhor não
fosse tão pouco, eu queria ser amado, o vocal é só garganta e se encontra
vulnerável enquanto a guitarra insiste em seus versos matemáticos e simétricos.
O piano é um farol, a música é um farol porque há tempos tenho andado cego
neste mundo.
Então eu fico calmo, ouvindo
piano e vozes estranhas emitindo sons que não são distinguíveis, as pessoas
vivem dizendo que as coisas vão melhorar. Olho a forma da noite, uma lição fica
evidente quando as cordas crescem fazendo um jogo com os instrumentos
acústicos; apesar de todos, só tenho a mim mesmo, e todos são os mesmos sem
mim.
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