“Sem humor, a vida é
duma atroz obviedade.” — Zuca Sardan
Como ganhar uma perspectiva nova
sobre o mistério das coisas quando praticamente tudo que encontramos no mundo
vem plastificado? Algumas escolas da filosofia dizem que o milagre é a mudança
de percepção. Então o que ocorreu comigo foi um milagre, pois após muitas
colaborações com outros artistas (o que não gerou lançamentos necessariamente
ruins), fiquei empolgado novamente quando ouvi um disco apenas do Nadja.
O som acolhedor é basicamente o
mesmo nas quatro faixas; atmosferas dispersas e tristes, Nadjaianas para assistir a chuva cair pela janela, som devaneador
impulsionado pela aparição do violino (Peter
Broadrick) e da viola (Angela Cha),
fazendo com que o casal Aidan e Leah (ambos que eu tive o prazer de
conversar durante apresentação solo de Baker em São Paulo, e que fizeram a
gentileza de autografar uma cópia inédita do Queller, álbum que só será lançado mundialmente mês que vem) crie
uma atmosfera morta onde tais instrumentos se fazem sobressensíveis devido ao
desenvolvimento da peça.
O que mais me impressionou nesse
álbum foi que, apesar das canções seguirem a mesma trilha, estas apresentam
suas nuances que fogem do caminho, e não te entediam de forma alguma; é
perfeitamente possível e agradável ouvir esse álbum diversas vezes, o silêncio
que a música sugere é também um convite à contemplação do desenvolvimento muito
lento. Flipper certamente não é o
melhor álbum da dupla, mas é certamente uma ouvida agradável e que supera os
trabalhos anteriores mais recentes, e que valerá mais algumas escutadas sempre
que eu for à praia e caminhar ao seu redor, em um domingo cinzento de manhã.
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