“Sem humor, a vida é
duma atroz obviedade.” — Zuca Sardan
O mundo não é justo, e alguns
discos nos lembram disso entusiasticamente. As pessoas vivem em torno de
objetivos tão concretos e eu me sinto um fracasso completo em tudo. O disco me
lembra disso também. Quando a doce voz de Lindsay inicia falando “this cant be right”, eu compartilho da
mesma sensação dela. Os vencedores nunca desistem, então resta aos fracassados
constatarem suas inúmeras falhas. E eu que sempre prometi não falar dessas
coisas novamente.
“and you
try
and you fail
every time”.
Eu preciso de um tempo longe
disso tudo, o mundo tão barulhento e não soa nada de substancioso. Um tempo
ouvindo Audible, isolado das pessoas.
Para lembrar que estou em um vácuo e há outros nesse vácuo. Que dessa zona onde
tudo é infértil, pode surgir algum compartilhamento e daí existir admirando o
mistério das coisas. Talvez tudo mude e eu não passe a ser tão sozinho.
Outra madrugada e retorno
sozinho. Pensando em todas as minhas escolhas que fizeram ficar nessa condição.
Nada disso pode estar certo, não é assim que as coisas deveriam ser. E estou
aqui, de novo, reclamando de tudo, fingindo que tudo que faço tem alguma
importância e alguém liga. Então é melhor colocar o som, tentar ficar em paz
com minhas memórias. Prometer se esforçar para ser uma pessoa melhor. Tentar,
apesar de frequentemente falhar. Porque só o tempo é perdido, o resto fica a
deriva e nos esquecemos como lembranças mais caras da primeira infância. Tentar
sair dessa escuridão.
“i think i needed
some time in silence
scared shitless
and shaking
and needing
every second of it
but can you see me
it's dark”
Nenhum comentário:
Postar um comentário