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domingo, 15 de junho de 2014

Discos que me ajudaram

Nunca encarei a música, e nada relacionado à arte, de maneira técnica. Aliás, pouco me importa mesmo, ao ouvir um disco, se estão sendo realizadas inovações sonoras, explorações de manipulação - embora seja muito, muito legal mesmo botecar sobre isso- o que sempre me interessou foi o afeto. Abaixo, discos que me ajudaram durante fases difíceis da minha vida:

Mineral- EndSerenading [1998]

Esse é o disco que eu volto sempre. Incrível que, mesmo as canções não variando muito no tempo e proposta instrumental, as letras e melodias do Chris- tão dolorosas, tristes, melancólicas- se apoiam nas delicadas linhas de guitarra para construir um clima que permeia todo álbum. São músicas sobre intimidade, familiares, reclusão social. Durante muito, muito tempo mesmo, eu anunciava a faixa &Serenading como a que definia minha vida. Estranho hoje, com 22, falar que de alguma forma passei daquela fase. O que não tira um por cento da carga emocional que eu sinto sempre que essa música toca. Isso vale pra praticamente todo o álbum, não é um disco que me faz cantarolar e pronto, ouvir EndSerenading é como uma sessão de descarrego, meu rito de passagem pelos momentos mais difíceis da minha vida. Pras horas que eu berrei cada letra, no meu quarto, sozinho.

American Football [1999]

Desse, nem sei o que falar. As melodias do Kinsella sempre ficam gravadas na minha cabeça e é muito difícil não relacionar cada faixa à instantes determinados. Mas eu fico com o meu primeiro término. Never Meant + Summer Ends deve ser o começo de álbum mais brutal que existe por ai. "Heartbreaking", como dizem por lá, e eu juro que muitas vezes, pós rompimento, tudo nele parecia se encaixar. A única luz acesa, como alguém que passar horas dentro de casa, refletindo sobre seus erros. A honestidade do Mike em partes como "but the regrets are killing me", e eu olhava para trás, via tudo o que tinha feito de errado. No fim, uma aceitação da solidão, ao menos a momentânea, sobre ficar em casa. Porra, faz todo sentido.

Have Heart- Songs To Scream At The Sun [2008]

Em 2008 eu tinha 17 anos e tudo estava uma merda. Vocês sabem, insuportável. Família, cidade, amigos. Parecia que todas as relações estavam fadadas a um limbo. Eu gostava de correr, em 2008- também em sentido metafórico. E gostava de correr embaixo do sol. E ouvia esse álbum enquanto corria. Sessão de descarrego. Suar e ouvir as várias, várias lamúrias de Patrick. Sua voz exalando sofrimento, falando sobre solidão, paraísos perdidos,os "ARRRRRRRRGHHHHHHHHHHH" de decepção, frustração. Com 17 anos minha vida era uma droga, eu queria sair da minha cidade, estava mal com minha família- tudo, exatamente tudo isso está condensado em Songs To...

Dance Of Days- Disco Preto [2010]

O "clássico" da banda é o Lírios Aos Anjos, mas o Disco Preto veio numa hora seminal. Tava meio desanimado com os corres, com as pessoas, e o DP sinaliza na raiva e na revolta um modo de destruir uma espécie de pessimismo chique que é disseminado por ai. Tem aquelas letras bem pessoais e fortes do Nenê, assim como as mais políticas e tapa na cara, além de Corona Australis que é uma bela mistura de citações e códigos místicos/culturais. Mas o que pega aqui... Gostava muito de uma guria em 2010, e por uma série de motivos, o rompimento com ela também se transformou num rompimento com uma série de pessoas. Discussões idiotas, sem lado errado ou certo, puro egocentrismo juvenil. A música "Minha lista de pessoas que se cansaram de mim " é justamente sobre isso. Em cheio.

Jair Naves- Araguari [2010]

Esse deve ser meu EP favorito de todos os tempos. Tem todo uma áurea, provavelmente por causa da abordagem conceitual. São músicas em que o eu lírico está muito, muito exposto. 2010, como acabei de dizer, foi um ano de rompimentos pra mim, e aí não tem jeito, "Silenciosa " é uma das melhores músicas do mundo. Lembro de mim na estrada, dirigindo sozinho, num domingo a noite, chorando, ouvindo essa música.


Basement- I Wish I Could Stay Here [2011]

Fui ouvir o disco pela capa. Fiquei maravilhado. O disco que me "trouxe de volta" ao emo. E não lembro exatamente o que pensava sobre música antes dele. "I will be in my room, forget me". É bem assim; letras diretas sobre solidão, arrependimentos. Em 2011 me afastei de um bocado de amigos, caminhava muito sozinho por aí. Obviamente, esse disco não saia do fone. Do meu e de mais um amigo, na verdade, que foi morarem outro estado. Ele se lamentava lá, eu aqui. As lamentações e o Basement eram o ponto em comum. Outro disco que berrei muito, muito sozinho. Mas esse, na rua. "I FEEL SICK, SO EMPTY, SO ORDINARY".

Joie De Vivre- We're All Better Than This [2012]

"Todos nós morremos sozinhos", assim começa o álbum. A voz de Brandon, perfeita, clara, indo lá em cima desde o início. O ponto é, talvez North End seja realmente melhor, mas poxa. Eu sempre quis ser escritor. Eu sempre chegava em casa, e ouvia Smiths sozinho. Ai vem o Brandon e canta isso, extremamente emotivo, falando sobre como a vida trucida nossos planos. Não bastasse isso, a próxima faixa reflete bem uma boa parte da minha vida: as pessoas seguindo em frente, eu paralisado, amizades acabando, a desilusão com o mundo depois dos vinte anos.

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