Kid Millions é membro da corajosa
banda Oneida que consiste em criar um ambiente enorme, urbano e repetitivo-
como se caminhássemos no mesmo túnel infinitamente. É uma ambientação poderosa,
com drones épicos e grooves bem colocados. O conceito de The Sanguine Cadaver é extremamente pautado nessa repetição; é um andamento lento e introspectivo em
uma atmosfera que as diferenças são apenas insinuadas. Mas aqui Kid se mostra
como compositor máximo e não apenas um exímio baterista, e percebe-se que as
dissonâncias que o lavaram a criar um trabalho tão denso como The Sanguine
Cadaver não seriam tão bem aproveitadas no Oneida. Porque enquanto a banda
constrói esse ambiente enorme, as repetições de Kid são de enclausuramento.
Pegue os imprevistos “controlados”
do Swans e os insiram em um ambiente diário e nada megalomaníaco. Kid reconhece
nas variações que “surgem” a validação para se expressar; ele é um artista das
brechas que, mesmo assim, consegue moldar uma massa sonora gigantesca com isso
(a forma como ele usa as baterias eu nunca tinha ouvido). Não há um grande
marco divisor em The Sanguine Cadaver, mas chega a ser constrangedor (para
outros compositores) a maneira que Kid transita facilmente para uma explosão
contida e abafada, uma interiorização de observações externas. As gravações de
campo criam uma atmosfera, esse disco é uma afirmação do que quer que seja essa
atmosfera íntima. Tudo isso é destruído na segunda parte. Temos uma intimidade
mais objetiva, com Millions fazendo o que faz de melhor; improvisar na bateria.
Pode-se enxergar toda a construção da primeira parte como uma pergunta.
Felizmente, Millions tem uma resposta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário