Do resplandecente nascer do sol
em uma costa tropical que, sedutoramente, se transforma em uma pista de dança
dos anos 1980, Shio-Z mergulha nessa
estética para colorir com neon e sintetizadores nosso novo 2016. O material de
busca é incrível e é nesses andamentos, com tanto material que realmente vale a
pena ouvir, que Shio-Z cria uma pista
de dança nostálgica e imageticamente impressionante.
Essa grande ênfase no estilo
retro com ênfase futurista (revisitando a ideia dos próprios anos 1980 do que
seria o futuro) constrói sua própria espécie de imersão e é assim como se as
luzes de neon dançassem em nossa frente em uma lenta caminhada, que seguimos
com Contagious. A camada “etérea” percorre
todo o disco e aos poucos amplia a tensão que, na primeira faixa, parecia
inexistente. A audição vai se transformando num desfile de apropriações
(signos, “estilos visuais”) e fica a sensação de que apesar do clima relaxante
e extremamente dançante, há algo à espreita.
Apesar da curta duração, o EPé realmente contagiante com melodias
memoráveis (em especial a robótica Harbinger
Down) e desde seu início mais lento (a introdução do piano) ele consegue
fisgar tanto fãs do que se convencionou chamar de “synthwave” às pessoas que gostam de manipulações eletrônicas que
envolvem sintetizadores e o tão chamado clima “smooth” (suave). O clima que lentamente vai se impondo com os
sintetizadores de música pop é muito fácil de cair, à medida que o interesse
talvez não fique sempre atento porque as estruturas (tanto as das cinco faixas
como a transição dentro de cada uma) não têm grandes variações. Mas esse não é
obviamente o ponto de Shio-Z e ele
nos entrega o que prometeu desde o início. O valor de Contagious não reside apenas no resgate de certa estética, porque o
EP é certamente uma representação do quão essa estética vem sendo revisitada e
modificada. Muitas vezes, cai na mera usurpação. Felizmente não é o que
acontece aqui.
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