Querer voltar no tempo e corrigir
seus erros, desejar se sentir acolhido novamente, perceber-se sozinho. São
temas que Roberto Lucena (compositor das letras) aborda com conhecimento
empírico. Em seis canções, temos essas sensações exploradas sempre do ponto de
vista de um ‘eu lírico’ nostálgico, confuso e sem propósito.
Variando entre frases mais
certeiras e passagens mais poéticas, o clima do disco embaralha, de forma
instrumental, a espécie de clausura que as letras passam. São ambiências extremamente
íntimas criadas em tentativas- mais diretas, como os berros do vocal- e
concretas de se reconectar a algo, de encontrar propósito onde tudo parece absolutamente
vago e sem sentido. No entanto, não temos apenas a consumação própria em torno
de reclamações superficiais, mas sim sempre uma tentativa de explorar a
experiência para recuperar o vivido e estabelecer as sensações.
É a possibilidade sonora que
emerge da combinação simples entre piano, guitarra, baixo e bateria. No fim, é
sobre isso: os diversos cenários que podemos construir ao invés de olhar o
passado e o sofrimento.
Trata-se, então, de construção.
Mas nunca negar o dilaceramento presenciado ou aquele que ainda acontece. São
emoções despejadas que não devem nada a bandas como Defeater e tantas outras. Um desempenho de testemunhas que não se
ajoelham aos danos já feitos, porque estes vão nos influenciar a vida toda.
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