A demo do God Demise começa com uma guitarra suja distorcida que anuncia um
pouco do que teremos em formas mais violentas. São sonoridades impregnadas das
demonstrações mais agressivas da sensação de niilismo e desesperança. É nessa
fonte de mundo desolado que vamos emergir nos próximos dez minutos.
Embora o som percorra mais os
lados “sujos”- combinando tempo lento e atmosferas obscuras, na ampla variação
entre o doom e o hardcore- não podemos deixar de falar da pequena influência do noise rock, com suas guitarras
distorcidas, microfonias, etc. A proposta dessa dinâmica declaradamente mais
desregrada estimula os sentimentos descritos nas letras. A bateria cobre essa
variação de velocidade. Mas não se enganem por essas impressões de apenas
degradação, a música que o God Demise
faz é decididamente séria e densa, com temas espinhosos e uma surpreendente
capacidade de mudanças, contando que a demo não tem nem dez minutos.
Com certeza coisas boas virão
desses mineiros, visto que em uma gravação caseira eles já conseguem deixar claras
as influências de metal, variando até as velocidades mais extremas. São relatos
de experiências como se estivéssemos em um pesadelo onde o amor estivesse
extinto: por isso chiados, os ruídos prolongados, estamos num mundo sem
redenção e o God Demise deseja deixar
isso bem claro. Uma construção que varia entre os diversos elementos citados em
função da estética da perdição. Engraçado que mesmo hoje com os “gêneros” sendo
cada vez menos identificáveis na música, essa banda consegue fazer desse
entrecruzamento de referências algo que não vise apenas um catado aqui e outro
ali. Não, a comunhão do God Demise é
integrar como um caminho bem, extremamente difícil.
Confesso que só fui pegar pra
ouvir a banda porque eles vão abrir pro Touche
Amore e, caralho, que surpresa! Agora estou ansioso para vê-los ao vivo.
Intuo uma apresentação tão visceral quanto essa pequena demonstração. Onde vemos
nossas fraquezas e talvez tenhamos que nos contentar com esse mundo de ódio,
sem amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário