Martin Heidegger (1889-1976) permanece como um dos filósofos mais
influentes do século XX,inspirando Jean Paul Sartre e Jacques Derrida, junto
com muitos outros. Heidegger também foi membro durante muito tempo do Partido
Nazista.
Depois da segunda guerra mundial, Heidegger equiparou o assassinato de
seis milhões de Judeus com a crueldade do holocausto que destruiu seres humanos
confinados em condições miseráveis.
O filósofo também comparou o Holocausto realizado por humanos com desastres
naturais (como os que têm ocorrido constantemente na China que matam milhões),
negando o potencial destrutivo antrópico das famosas bombas de gás:
“A agricultura agora é uma indústria de comida motorizada-
essencialmente, ocorre o mesmo com a manufatura de cadáveres em câmaras de gás
e campos de exterminação, o mesmo com nações miseráveis em que pessoas passam
fome...”.
Heidegger foi correto ao citar o sofrimento esquecido dos cidadãos
alemães depois de ambas as guerras mundiais. Após a Primeira Guerra Mundial, os
aliados vitoriosos e rancorosos bloquearam a Alemanha.
O bloqueio naval causou fome em grande escala e morte até que a nação
dos derrotados concordou com os termos humilhantes do Tratado de Versailles
(1919) que impôs condições econômicas desastrosas que ajudaram a trazer Adolf
Hitler ao poder.
Por três anos consecutivos após a Primeira Guerra Mundial, o povo alemão
foi sustentado com rações próximas da miséria pelos aliados Ocidentais. Em 1948
e 1949, a União Soviética tentou destruir a Berlim Ocidental fechando e
bloqueando todas as entradas da Alemanha Ocidental.
Não foi preciso que outras pessoas condenassem Heidegger por sua
colaboração intelectual no Partido Nazista. Suas próprias palavras revelam que
este era muito mais do que um mero "Maria vai com as outras do
Nazismo".
Heidegger se juntou ao Partido Nazista em maio de 1933, cinco meses após
Hitler ter ascendido ao poder. No livro Hitler's
Philosophers (sem tradução para português), Yvonne Sherratt nota que similar ao que história significa para o Reino
Unido e a lei para os Estados Unidos, filosofia é para Alemanha, um tópico de
debate e interesse popular, não de domínio exclusivo dos acadêmicos.
O Fuehrer patrocinou filósofos
eminentes como Heidegger e teóricos raciais como Alfred Rosenberg, quem foi
preso em Nuremberg em 1946 por crimes de guerra.
Mas mesmo os filósofos dúbios como Rosenberg acharam os escritos de Heidegger
intelectualmente cômicos. Hoje, os filósofos da corrente principal concedem que
o trabalho de Heidegger seja "notoriamente difícil", e o filósofo
concordaria uma vez que escreveu, "Fazer a si mesmo inteligível é suicídio
para a filosofia".
Possivelmente sua afirmação pública menos famosa durante o Terceiro
Reich reflete a constatação de seus trabalhos como incompreensível ou cômico-
em um sentido que desafia o mais ridículo humor negro.
Durante uma palestra em 1935, na Universidade de Freiburg onde ele
serviu como reitor, Heidegger falou do “ser verdadeiro e grandioso"
do Nazismo, “nomeando, o confronto da tecnologia planetária e a humanidade
moderna". Hein? Durante outra palestra em Freiburg em 1942, ele disse que
o Nazismo representava o ápice intelectual da Grécia Antiga, Sócrates,
Platão... E Alfred Rosenberg.
O contexto de Heidegger pode explicar porque ele abraçou a ideologia
Nazi reacionária. Seu pai, membro severo da Igreja Católica, apoiou a doutrina
papal de 1880 que alienou Católicos moderados na Alemanha e mais outros lugares
para estender o catolicismo ultraconservador.
Como Hitler, Heidegger se beneficiou do patriarcado e caridade dos
Judeus. Pouco antes da Primeira Guerra Mundial, na época que Hitler vivia em Viena
como um vagabundo desabrigado, ele frequentemente encontrava abrigo em casas
apoiadas por Judeus filantropos. Heidegger deve sua carreira a um colega judeu.
Edmund Husserl, um professor Judeu-Alemão de filosofia em Freiburg,
ficou entusiasmado com o trabalho de Heidegger no começo de 1917. Depois que
Husserl se aposentou, ele recomendou seu protegido para substituí-lo como
reitor em Freiburg.
No começo de Abril de 1933, todos profissionais Judeus, incluindo
professores de universidades, foram demitidos. Os acadêmicos Judeus
aposentados, incluindo Husserl, perderam suas pensões. Numa mostra sem piedade
que se tornaria letal, o Regime Nazista negou o acesso de Husserl à biblioteca
na Universidade de Freiburg depois que este se aposentou.
Apesar de tudo, no fim de Abril, Heidegger se tornou reitor de Freiburg.
Ele não defendeu seu mentor humilhado, alegando depois da guerra que eles
tinham grandes discordâncias a cerca de assuntos filosóficos.
Antes de se tornar um político com expediente, Heidegger não havia dado
impressões antissemitas. Duas de suas amantes e estudantes, Hannah Arendt e
Elisabeth Blochmann, foram judias.
Ele ajudou Bloachmann a escapar da
Alemanha Nazista!
Arendt escapou sem a ajuda de Heidegger, mas se tornou uma de suas
maiores apologistas, com exceção do veredito sobre o tratamento do seu ex-amante
quanto ao professor Husserl.
Ela acreditava que Husserl havia sido assassinado por causa das
afirmações de Heidegger embora Husserl morresse de causas naturais em 1938 com
79 anos de idade, miraculosamente evitando ser um dos 500 mil Judeus deportados
da Alemanha.
Depois da operação pós-guerra de "denazisificação" de Heidegger, resultou em uma suspensão de
seis anos do ensino. Arendt testemunhou sobre o comportamento de Heidegger,
argumentando que seus escritos pró-nazismos foram nada mais que "erros
pessoais".
Dois de outros estudantes judeus protegidos por Heidegger, Emmanuel Levinas, e Karl Löwith, discordaram de apologistas como Arendt. Eles acreditaram
que a teoria da promoção Nazista de seu professor refletiu na falência de sua
escrita apocalíptica.
Depois de se encontrarem em 1936, em Roma, Löwith escreveu que Heidegger expressou "sua fé em
Hitler" e que a ideologia Nazista e sua própria filosofia eram
compatíveis.
Quando não estava salvando uma ex-amante
das mãos Gestapo, Heidegger conseguia ser impiedosamente cruel. Durante a mesma
reunião em Roma, em 1936, Löwith
reportou que seu mentor originário usava uma suástica Nazista na ponta de seu
lápis.
Levinas, quem passou a guerra em um campo de concentração Alemão, jamais
conseguira perdoar Heidegger. Durante uma palestra pós-guerra sobre a natureza
curativa do perdão, Levinas descobriu
sem impossível aplicar aquela crença em alguns casos:
"Alguém pode esquecer muitos Alemães, mas há alguns Alemães
impossível de se perdoar". Levinas
não estava se referindo a monstros óbvios como Hitler e Himmler, mas seu velho professor em Freiburg.
Nenhum comentário:
Postar um comentário