Em um nível estilístico, Dumont e Hadewijch podem ser definidos como 'alma gêmeas', à luz de suas tentativas de articular o inexprimível. A incessante busca de Dumont por aproximar o inexprimível faz do misticismo um princípio orientador na sua visão de cinema. Deveria ser notado, no entanto, que um diretor utiliza seu ambiente diferentemente do escritor e é essa diferença que constitui ou uma poesia mística, ou um estilo de filme transcendental. Hadewijch exprime suas frases de forma abundante- expressões líricas cheias de paixão, resultando em uma reunião inefável- para combater a escassez da literatura. Inversamente, Dumont injeta seu cinema nesse vazio- imagens friamente emolduradas- como antídoto para um cinema com meios abundantes. Da mesma salvação que almeja Hadewijch, experimenta Dumont. É que esse senhor claramente ama o cinema, mas já o vê como uma entidade ausente! Pelo menos em sua forma plenamente artística.
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