Há uma espécie de abertura em You
Wouldn’t Anyway, algo de convidativo entre o som ao mesmo tempo ruidoso e
sedutor, carismático que as guitarras (sempre recomenda-se ouvir no talo!)
emitem.
Reconhecemos a pegada oitentista
e noventista, sem sombra de dúvidas. Mas
como uma captura de um tipo específico de sonoridade pode soar novo em 2013? E
por isso, por nos remeter tanto a uma porção de bandas maravilhosas, e ainda
sim se destacar como um dos melhores discos de 2013 (vale lembrar que teve nada
mais nada menos que My Bloody Valentine naquele
ano) é que há algo de inexplicável no primeiro lançamento do conjunto gaúcho.
Voltamos à abertura que citei no
primeiro parágrafo e que talvez seja o terreno mais importante da arte. Oras,
obviamente se você gosta de Slowdive,
você vai gostar de Loomer. Mas melhor
do que isso, nós dialogamos com a banda e vemos que é possível expandir aquele
terreno que já pensávamos dominar. Não ficamos saturados e não pensamos “ah, já
que é pra ouvir esse tipo de som, vou ficar com o meu velho e bom Ride”. O
ouvinte também é exigido encontrar coisas novas e a cada audição o clima
“barulho envolvente” exerce um ataque à nossas convenções. Não que seja
exatamente experimental (e nem almeja ser!), mas You Wouldn’t Anyway nos oferece uma experiência nova. Foge da
uniformidade óbvia apostada por muitas bandas que são meras cópias, ao mesmo
tempo em que se diferencia de pelo menos 90% do “indie rock” nacional.
“Reajustar” um som ao cenário que
vislumbramos hoje em dia poderia ser difícil não fosse tudo parecer tão natural
e fluído ao decorrer do álbum. É como se toda a sonoridade que guardamos em
nossa esfera ativa se reavivasse e ganhasse uma nova forma nesse século que
vivemos. É como se a existência do disco sinalizasse certa época e ainda assim
incentivando criações novas, autorais, próprias. Preenche um vácuo que foi
deixado com o desenvolvimento da tão chamada “música contemporânea”. Podemos
ouvir hoje literalmente qualquer coisa, mas a entrega do Loomer tem certa vantagem aí.
Vantagem que talvez seja difícil
especificar, mas se você é fã das bandas citadas, de shoegaze e dream pop
principalmente, dedicar seu tempo ao Loomer
é também voltar a um terreno que você adora e perceber que mais coisas podem
ser erguidas ali. A música não tem limites.
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