- Martin Amis.
I
Mike Kinsella compartilha opiniões divergentes, porém seu legado
para a música não pode ser negado, seja para o bando de adolescentes que se
transformaram em adultos tendo como boa parte de sua música como trilha sonora
para os conflitos emocionais de cada dia, seja pela insistência em praticamente
o mesmo modus operandi que tem
mantido desde 2001. Uma operação que opta por um caráter intimista. Boa parte
do pensamento do que é o rock independente hoje nos EUA passa pela produção
artística dele, sempre orientada no espírito “faça você mesmo”. Essa tendência
em fazer as coisas do seu jeito, mas esteticamente muito diferente da cena
punk, é o que faz render boas e boas horas de conversa sobre praticamente toda
sua obra, ou seja, é inegável que a assinatura de MK é algo que conta sim- mais
do que em veículos especializados, mas para quem absorve uma quantidade
significativa de música todos os dias. O afeto à exposição completa em todos
seus discos, porém, não significa em nada certa antipatia frente às grandes
mídias, certo receio da pessoa ser mais analisada do que sua produção, o que
não me incomoda realmente, é verdade- não há muita necessidade de palavras
porque suas músicas portam tudo.
Nós precisamos perceber que a
compulsão criativa de MK em 2001 estava a toda, e que essa continuidade tem se
prolongado até os dias de hoje. Antes do álbum homônimo, porém, não se sabia
qual o rumo que o compositor iria tomar. Mas sobre tudo havia uma expectativa
relativamente grande pós American
Football- iria continuar cantando numa nova banda ou tocar bateria para os
projetos independentes de Chicago? A música, evidentemente, era impossível de
largar. Aliás, todos nós sabemos de seu poder libertador da imersão temporal, e
poucas pessoas produzem um universo tão particular como esse homem. Eis que ele
decidiu se emancipar e partir para um projeto solo.
Há uma familiaridade com o nome Kinsella . Sua produção musical tem sido
parte de nomes de bandas seminais como Cap’n’
Jazz, Joan Of Arc, Owls e principalmente no American Football, todos acontecendo em
um período relativamente curto. Como disse antes, isso encaminhou em 2001 para
grandes expectativas relacionadas ao seu projeto solo: o que ele poderia fazer
sozinho?
Atenta-se para que a primeira vez
que tocou como Owen foi abrindo para o Rainer
Maria. Em seu primeiro esforço solo, Mike toca todos os instrumentos e ele
nos oferece temáticas abordando morte, viagem, lugares- enfim, reflexões
meditadas sobre um semiacústico, continuidade clara da estética de sua banda
antecessora, American Football, o
que, obviamente, agradou fãs antigos. Há erros e acertos, se pensarmos em uma
concepção mais lógica, mas são músicas extremamente pessoais que resaltam mais
as fraquezas dos seres humanos do que qualquer outro assunto, então parece
ligeiramente natural que as partes “não tão boas assim” surjam, uma vez que é
um trabalho totalmente faça você mesmo, onde o único músico participante tem
cem por cento de controle criativo.
Owen [2001] |
A música aqui cai naquela ponte
“entre” dream pop e um suave indie rock acústico, com melodias doces,
melancólicas- Kinsella é especialista
nessas coisas, seu pano de fundo musical informa isso. Ele se expressa em um
tempo realmente lento, às vezes suspirando, deixando frases por continuar (o
que acontece no título da segunda faixa, também), as guitarras são praticamente
anuladas em função de todo desenvolvimento acústico e a estruturação de acordes
que fogem do óbvio. É um tipo de sonoridade tão delicada que talvez seja uma
ousadia classificá-la como ‘rock’. E não acho que Kinsella veria problema algum nisso, a imposição de sua música é
realmente cativante em seu próprio molde. Uma melancolia da constatação do
tempo, do que ocorre sempre em movimento.
Fica difícil não se apegar às
melodias reconfortantes de Kinsella, a
uma espécie de contemplação de pequenos instantes do cotidiano. Ficamos
hipnotizados pela “fragilidade” das faixas. O álbum flui praticamente no mesmo
tempo, com inegável apelo a uma estrutura decididamente pop, as vozes hora
sussurrando, hora apostando mais em melodias lentas e reflexivas. Foge de
lugares comuns nas suas vertentes, não há ritmo fácil, ou uma áurea “feel good”, são melodias elegantes e
altamente autorais, desenhadas principalmente em conjunto com o violão, como se
ambos interdependessem, abraçados para não romper a tênue delicadeza das
músicas.Alguém poderia perguntar: “mas o que há de bom em músicas delicadas e
frágeis, isso não é intrinsecamente ruim?” Obviamente que é um estilo autoefetivo
se arquitetado por gente que sabe. Não que não contenha suas falhas (falo sobre
isso no parágrafo abaixo), mas mirar em uma estética tão específica e
detalhá-la de modo claramente milimétrico é uma coisa que o Mike pode se gabar.
Não precisamos interpretar muito a fundo, toda sua carreira é prova disso- o
uso estratégico de modulações catalisa essa sensação.
O problema do disco é que, embora
ele atinja seu objetivo específico com êxito, há uma espécie de uniformidade
abundante, abusando de passagens repetidas para tentar nos colocar em uma
contemplação que na verdade já estamos. Não há problemas pelo fato de Kinsella desejar evitar um álbum mais
múltiplo. Sua subjetividade e imposição pessoal devem sim prevalecer quando se
trata de uma intimidade tão exposta, mas talvez ele devesse ter pensado em
fazer o disco como uma grande e única faixa, ou diversos capítulos em torno do
mesmo eixo temático.
A música expressa. Sua
consciência está em representar signos nas pessoas, que consecutivamente se
apegarão às mentalidades musicais mais próximas. As letras, em Owen, são o que
mais ajudam a desenvolver uma espécie de afeto- para a parte instrumental, fica
o onírico. “Passamos por tantas coisas difíceis de recuperar, ficamos tanto
tempo tentando entender (pelo menos eu tento) as coisas que fizemos para hoje
estar uma merda. E sofremos por não compreender”. O dia-a-dia é uma
incompreensão. Essa espécie de vitimização (sem o elemento negativo aqui) é o
que preenche as músicas de Kinsella. E quem consegue superar essas coisas
assim, facilmente?
A estreia do Owen não é perfeita-
porém poucos discos realmente são. Mas podemos dizer que é um belo estudo sobre
momentos bem específicos da vida. Entre idas e vindas, nos deparamos com
elementos que surpreendem por dizer tanto sobre nós, sobre nossa história. Kinsella pôde sair por debaixo da aba
tradicional do indie rock e se
entregar à uma espécie de pop sem muito apelo comercial (quase nulo, na
verdade). Autodidata, se estabelece como alguém com capacidade quantitativa de
criar ótimas canções. Não é uma música panorâmica, mas tem um apelo interno
enorme. E é dentro de nós mesmos que identificamos todos os temas que o álbum
passa, uma variedade interessante que comprova com somos plurais e in- significantes
(no sentido de signos não serem o suficiente). Se fizermos uma genealogia,
pouco dirá sobre porque agimos da maneira que agimos. E é com esse espírito, de
tão pouca sabedoria, mas ainda assim uma necessidade enorme de expressão, que a
estreia do Owen impõe.
II
A vida de Mike Kinsella, por negar muitas entrevistas, seria um mistério se
não fossem suas músicas com abordagem totalmente explícita. O artista
representa a emergência da cena independente na década de 90 em Chicago e fez
parte de bandas seminais; Cap’n Jazz,
Owls, American Football- o engraçado aqui é como os trabalhos encabeçados
por ele são muito diferentes dos quais cujo ele é “apenas um integrante”.
A primeira sinalização disso foi
seu excelente trabalho no American
Football. Owen é um uma continuação óbvia disso. Como numa isolação criativa,
todos os instrumentos são tocados por Mike. Por isso, ao se habituar a
preferências estéticas, as conexões entre letras, nomes das músicas, nos
sentimos confortáveis quando colocamos sua música- como numa conversa com um
velho amigo acompanhada de algumas bebidas.
Não apelando a uma espécie de
“purismo nas letras”, mas há muitos, demasiados “fucks” nesse disco e parece que, embora uma de suas letras mais
lindas esteja aqui (Everyone Feeels Like
You), amaldiçoar outras pessoas pelos seus fracassos tornou-se mais
importante do que a capacidade de histórias ainda assim abstratas e reflexivas
e densas. A mistura entre música independente, construções acústicas, letras
emotivas e um rock ambientado o pontua, no entanto, como alguém que sabe muito
bem o que está fazendo- quer gostemos ou não. Como eu-lírico, Mike destrói a imagem de herói- não há coitadismo algum!
No Good for No One Now [2002] |
Ouvindo isso, no inverno de 2014,
tento pensar porque essa espécie de “mudança” no formato das letras, mas sabem;
eu não preciso saber disso, é um álbum que soa reconfortante com a insistência
no bom e velho “indie rock” suave.
São pequenos espectros poéticos alinhados a uma sonoridade muito pessoal e
íntima. Uma espécie de sistema de avaliação interna rendido a uma força maior:
a necessidade de expressão.
III
O medo do abandono, a necessidade
de reconforto, repetir os mesmos erros- todos são elementos encontrados no
coração da obra de Kinsella, e aqui
longe de relatar tudo com autopena e comiseração, temos a antecipação do
conflito, uma cruel honestidade acerca de nossas motivações mesquinhas. O elo
com I Do Perceive vai se familiarizar
após consecutivas e despreocupadas ouvidas, onde suavemente os vocais de apoio –sussurrados-
vão se formular em seu subconsciente, deixando cada vez mais o disco melhor
aproveitado.
Em I Do Perceive, eu encontro um companheiro, não numa espécie de
“compreensão” da vida ao qual há muito desisti de procurar, mas uma forma de
aceitação do que é imposto, entre bons e maus momentos, reflexões isoladas ou
um dia cheio de sorrisos com pessoas que você gosta- tudo isso em uma roda de
situações que parecem nos por a teste sempre, tendo que provar aos outros e a
nós mesmos (muito mais a nós mesmos) que merecemos momentos felizes. No
decorrer do álbum, passamos por essas múltiplas localizações- afetos banais,
terrenos, alcoolizados- onde a intensidade do nosso pequeno universo que
chamamos de mundo, da pressão que é viver, formata músicas propícias aos questionamentos,
aos pensamentos, ou quando não queremos nos incomodar.
Algumas das canções aqui têm um
poder devastador- seja nas transições entre o acústico, o elétrico e as
passagens ambientadas por sintetizadores- as letras situam uma compreensão
amarga do indesejado, o reconhecimento de esforços patéticos para deixar essa
merda um pouco mais suportável, e por isso, justamente por abranger sensações
que pulsam em nosso íntimo, que esse disco pode ser considerado apropriado para
qualquer estação- mas saiba que você vai lidar com densidade, lembranças não
tão boas, “por que eu fiz isso, por que fiz aquilo?” e também pequenos oásis
reconfortantes, tranquilos e prazerosos. Saímos sabemos mais de nós mesmos- se
nos conhecemos melhor, é outra coisa.
I Do Perceive [2004] |
Essas são percepções de um homem
que decidiu aceitar a vida- um sim às implicações invariavelmente trágicas que
formulam um ser humano, a noção do lugar que ocupa e sua pequena importância no
“esquema das coisas”- e suas realizações cotidianas, a importância de pequenos
acontecimentos. É a pós-experiência convergida em música. O que passou precisa
ser analisado, revivido para ser modulado em uma linguagem bem própria.
IV
A vida musical de Mike Kinsella consiste muito em sua
aposta nas letras brutalmente honestas, composições instrumentais complexas e
reconfortantes. Seu talento sempre me magnífica e surpreende- não nos esqueçamos
de que aos doze anos ele já estava tocando no lendário e seminal Cap’n Jazz- e
com o passar de sua carreira, criou uma sofisticada ambiência própria, que
repercute suas inquietações mais íntimas.
O caminho que tomamos aqui é
simplesmente imprevisível, a variação entre os instrumentos de corda, o violão
dedilhado, os interlúdios do piano, a cada momento temos uma nova abordagem de
diferentes perspectivas musicais sobre o tema que a música se debruça,
revelando uma angústia melancólica de um Mike que parece mais um velho
conhecido, algum vizinho reflexivo ou um irmão mais velho, relatando suas
decepções, pensamentos. São concepções que mais indagam do que afirmam, coisas
como autoimagem, automotivação, amor, perdas, frustração, aceitação.
As letras são simples, porém tão
profundas e pessoais, criando imagens deslumbrantes onde acompanhamos Mike como
um andarilho em um terreno ligado às suas palavras e emoções, uma entrega
incrível de alguém que discorre sobre temas cujo quais claramente se debruçam
ao longo de muitas e muitas horas solitárias pensando sobre. Acumula-se essa
“sinceridade brutal” citada anteriormente com um som depurado, minimalista e
sofisticado, temos essa elegante paisagem.
É um caminho onde as experiências
são potencializadas quanto assim pedem; variações sempre acompanhadas do
instrumental relaxante e calmo, ainda assim muitas vezes triste e melancólico.
O lar descrito no título abriga todas essas disparidades, como uma família,
passa por transtornos, tempestades- uma estrada que analisada enquanto
linguagem estética é bonita por explorar cada canto desse lar, qualquer nuance
íntima.
Pode ser engraçado falar que é um
disco para “se aventurar”, mas é isso mesmo que exige; calma e contemplação
seja qual for a situação, temos que nos perder no bosque para encontrar a
cachoeira, invariavelmente, podemos nos desencontrar para sempre. A dinâmica de
expor o que experimentou legitima a música de Kinsella. Nesses termos, é uma jornada onde os passos são
imprevisíveis, mas o que não é?
At Home With Owen [2006] |
V
Dividindo a glória de suas
delicadas dedilhadas com vastos panoramas sonoros, inserção de piano, cordas e
sopros, o refinamento e a evolução do Owen desde o primeiro álbum, que é muito mais
íntimo, para um som mais completo, ainda assim dirigido por um único homem,
revela Mike totalmente confortável e consciente de sua capacidade enquanto
compositor. Deixando clara sua importante contribuição para o movimento
independente.
O intervalo de três anos do
lançamento do último disco se deve ao fato dele ter se casado ao nascimento da
filha, implicações que estão claras no desenvolvimento das letras, mas Mike não
perde o senso de cinismo autodepreciativo que é sua marca desde o início desse
projeto, lamento sobre noites solitárias e como ele sempre acaba ferrando com
tudo. Essas concepções que marcaram sua obra aparecem aqui com a mesma sinceridade
com a qual nos acostumamos.
Se no fim do disco surge a dúvida
sobre o suposto fim da carreira de Mike (dois anos depois, saberíamos que não),
pois este reclama dos idiotas que pagam para vê-lo tocar e só cospem em sua
face, parece realmente óbvio sua nova direção em não criar ambientações tão
longas, e que ele ama realmente fazer música. São canções que invocam
nostalgia. Sobre estar cansado em reiterar os mesmos caminhos, ao mesmo tempo
surpreso com a quantidade de coisas significativas que colhemos nele.
VI
Com as dúvidas deixadas em New Leaves (Mike continuaria mantendo o
nível, após estar casado e ter uma filha, e depois de ter praticamente se
derramado em Curtain Call, onde
falava que estava cansado de tocar?); muitos fãs pensaram que o Owen estava em
uma espiral decrescente, mas o que ocorreu foi o contrário, Mike soube manter a
elegância e a alta categoria tão características em sua sonoridade.
A grande variedade de
instrumentos continua- inclusive os contrastes talvez estejam mais nítidos, por
exemplo, o som obscuro do violoncelo em uma música, os violinos mais
tranquilizantes na outra, o piano para acompanhar os delicados vocais
harmônicos, um canto em coro. Em termos gerais, não é muito diferente dos
outros álbuns, mas vale notar o que esses registros compartilham em comum: a
construção muito detalhada para cada canção, onde a criatividade autoral de
Mike fica evidente.
Ghost Town [2011] |
Kinsella tem amplo domínio do conteúdo lírico do álbum, o que não é
nenhuma surpresa desde American Football-
aqui, ele questiona a existência de deus, conta histórias e continua exibindo
sua intimidade. Sua discografia está abarrotada de letras emocionais e com um
senso de localização ínfima no mundo. A mistura das mais diversas influências
pode ser notada em cada arranjo, onde a orientação rítmica nos leva a lugares
contemplativos, e a meditação de nossos atos reverbera em nossa mente. Cada
palavra e cada acorde são substanciais na construção desse disco.
Embora o clima de “seriedade”
seja o que chame mais a atenção no disco, Kinsella
é um rapaz realmente engraçado e se permite, mesmo nas canções mais densas com
temas profundos, tirar sarro- o que desvia sua música de lugares comuns.
Recorrendo as diversas facetas que de fato exibimos. Parece que o conceito de
“contemplação total” é o muro que muitos compositores esbarram às vezes,
esquecendo-se de quem são para formular uma música “ideal”, e que talvez cause
uma redução não somente para as potencialidades da criação, mas também para interpretação.
A ausência de uma necessidade (a não ser a de se expressão com uma sinceridade
brutal, como já foi dito), é o que guia as melodias de Mike, seus lugares são
tão incertos como suas sensações. Não há diferença entre falar sobre sua filha
que acaba de nascer ou sobre suas noites de bebedeira. Porque simplesmente isso
é vida, sem o olhar da medida que domina a música contemporânea, temos um
espaço mais livre, onde a necessidade de registrar é mais forte. As armadilhas
do Owen são os instrumentais “sonhadores”, no lugar em que a textura delicada
nos imerge em diferentes estados quase palpáveis, para, depois, Kinsella utilizar sua habilidade como
escritor para nos manter em suspensão. Fica difícil não se identificar. E é
justamente a existência dessas disparidades, desse mundo tão violento e
delicado, complexo e superficial, que brota a música do Owen, porque todas
essas coisas precisam ser evidenciadas.
Parece que o avanço da idade não
consegue rivalizar com a progressão musical de Kinsella, e embora os outros álbuns possam ser seu favorito, no seu
sexto lançamento Mike mantém o nível de qualidade lá em cima, mostrando que com
sinceridade e sentimento já dá pra fazer muita coisa. Podemos perceber como a
música irremediavelmente sólida é criada e levada a sério, potencializada pelos
momentos díspares da vida- uma espécie de desenvolvimento que, quando olhamos
para trás, nunca sabemos como realmente melhoramos. Prefiro continuar
acreditando nos rastros.
VII
L'Ami du Peuple [2013] |
Assim como Mike (que na época do
lançamento do disco já morava com seus dois filhos, numa típica casa suburbana
norte-americana, e estava casado) parece que a música do Owen encontrou sua
zona de conforto e não tem nenhuma razão especifica para sair dali, o projeto
mais pessoal de Kinsella (afinal o
rapaz coordena tudo) completou doze anos com absoluta clareza de onde pode
chegar e qual lugar consegue ocupar.
Porém, em L’Ami, Kinsella
conseguiu reunir diferentes estilos, e tomar posse de uma quantidade
significativa de instrumentos, no que ainda claramente é o Owen, e nessa
“festa”, visualizamos sua enorme noção de música- os pianos ragtime, a puxada
mais country em Bad blood, as lindas
sessões de cordas- elementos díspares que se congregam para estilizar a visão
que Mike tem das coisas que o cercam.
Nesse decurso de corporificar
partes alheias de gêneros, Mike não nos deixa esquecer que estamos tratando de
Owen, o que não é nada ruim- L’Ami Du Peuple
ainda é uma coleção de canções do Kinsella,
onde ele se debruça em suas bases acústicas, sendo muito coerente com seu
trabalho musical anterior.
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