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terça-feira, 12 de agosto de 2014

A exposição em Owen: a intimidade explícita de Mike Kinsella.

"O amor é um substantivo abstrato, algo nebuloso. E ainda assim o amor acaba por ser a única parte de nós que é sólida, à medida que o mundo vira de cabeça para baixo e a tela fica preta."
- Martin Amis.

I



Mike Kinsella compartilha opiniões divergentes, porém seu legado para a música não pode ser negado, seja para o bando de adolescentes que se transformaram em adultos tendo como boa parte de sua música como trilha sonora para os conflitos emocionais de cada dia, seja pela insistência em praticamente o mesmo modus operandi que tem mantido desde 2001. Uma operação que opta por um caráter intimista. Boa parte do pensamento do que é o rock independente hoje nos EUA passa pela produção artística dele, sempre orientada no espírito “faça você mesmo”. Essa tendência em fazer as coisas do seu jeito, mas esteticamente muito diferente da cena punk, é o que faz render boas e boas horas de conversa sobre praticamente toda sua obra, ou seja, é inegável que a assinatura de MK é algo que conta sim- mais do que em veículos especializados, mas para quem absorve uma quantidade significativa de música todos os dias. O afeto à exposição completa em todos seus discos, porém, não significa em nada certa antipatia frente às grandes mídias, certo receio da pessoa ser mais analisada do que sua produção, o que não me incomoda realmente, é verdade- não há muita necessidade de palavras porque suas músicas portam tudo.

Nós precisamos perceber que a compulsão criativa de MK em 2001 estava a toda, e que essa continuidade tem se prolongado até os dias de hoje. Antes do álbum homônimo, porém, não se sabia qual o rumo que o compositor iria tomar. Mas sobre tudo havia uma expectativa relativamente grande pós American Football- iria continuar cantando numa nova banda ou tocar bateria para os projetos independentes de Chicago? A música, evidentemente, era impossível de largar. Aliás, todos nós sabemos de seu poder libertador da imersão temporal, e poucas pessoas produzem um universo tão particular como esse homem. Eis que ele decidiu se emancipar e partir para um projeto solo.

Há uma familiaridade com o nome Kinsella . Sua produção musical tem sido parte de nomes de bandas seminais como Cap’n’ Jazz, Joan Of Arc, Owls e principalmente no American Football, todos acontecendo em um período relativamente curto. Como disse antes, isso encaminhou em 2001 para grandes expectativas relacionadas ao seu projeto solo: o que ele poderia fazer sozinho?

Atenta-se para que a primeira vez que tocou como Owen foi abrindo para o Rainer Maria. Em seu primeiro esforço solo, Mike toca todos os instrumentos e ele nos oferece temáticas abordando morte, viagem, lugares- enfim, reflexões meditadas sobre um semiacústico, continuidade clara da estética de sua banda antecessora, American Football, o que, obviamente, agradou fãs antigos. Há erros e acertos, se pensarmos em uma concepção mais lógica, mas são músicas extremamente pessoais que resaltam mais as fraquezas dos seres humanos do que qualquer outro assunto, então parece ligeiramente natural que as partes “não tão boas assim” surjam, uma vez que é um trabalho totalmente faça você mesmo, onde o único músico participante tem cem por cento de controle criativo.

Owen [2001]
 A música aqui cai naquela ponte “entre” dream pop e um suave indie rock acústico, com melodias doces, melancólicas- Kinsella é especialista nessas coisas, seu pano de fundo musical informa isso. Ele se expressa em um tempo realmente lento, às vezes suspirando, deixando frases por continuar (o que acontece no título da segunda faixa, também), as guitarras são praticamente anuladas em função de todo desenvolvimento acústico e a estruturação de acordes que fogem do óbvio. É um tipo de sonoridade tão delicada que talvez seja uma ousadia classificá-la como ‘rock’. E não acho que Kinsella veria problema algum nisso, a imposição de sua música é realmente cativante em seu próprio molde. Uma melancolia da constatação do tempo, do que ocorre sempre em movimento.


Fica difícil não se apegar às melodias reconfortantes de Kinsella, a uma espécie de contemplação de pequenos instantes do cotidiano. Ficamos hipnotizados pela “fragilidade” das faixas. O álbum flui praticamente no mesmo tempo, com inegável apelo a uma estrutura decididamente pop, as vozes hora sussurrando, hora apostando mais em melodias lentas e reflexivas. Foge de lugares comuns nas suas vertentes, não há ritmo fácil, ou uma áurea “feel good”, são melodias elegantes e altamente autorais, desenhadas principalmente em conjunto com o violão, como se ambos interdependessem, abraçados para não romper a tênue delicadeza das músicas.Alguém poderia perguntar: “mas o que há de bom em músicas delicadas e frágeis, isso não é intrinsecamente ruim?” Obviamente que é um estilo autoefetivo se arquitetado por gente que sabe. Não que não contenha suas falhas (falo sobre isso no parágrafo abaixo), mas mirar em uma estética tão específica e detalhá-la de modo claramente milimétrico é uma coisa que o Mike pode se gabar. Não precisamos interpretar muito a fundo, toda sua carreira é prova disso- o uso estratégico de modulações catalisa essa sensação.

O problema do disco é que, embora ele atinja seu objetivo específico com êxito, há uma espécie de uniformidade abundante, abusando de passagens repetidas para tentar nos colocar em uma contemplação que na verdade já estamos. Não há problemas pelo fato de Kinsella desejar evitar um álbum mais múltiplo. Sua subjetividade e imposição pessoal devem sim prevalecer quando se trata de uma intimidade tão exposta, mas talvez ele devesse ter pensado em fazer o disco como uma grande e única faixa, ou diversos capítulos em torno do mesmo eixo temático.

A música expressa. Sua consciência está em representar signos nas pessoas, que consecutivamente se apegarão às mentalidades musicais mais próximas. As letras, em Owen, são o que mais ajudam a desenvolver uma espécie de afeto- para a parte instrumental, fica o onírico. “Passamos por tantas coisas difíceis de recuperar, ficamos tanto tempo tentando entender (pelo menos eu tento) as coisas que fizemos para hoje estar uma merda. E sofremos por não compreender”. O dia-a-dia é uma incompreensão. Essa espécie de vitimização (sem o elemento negativo aqui) é o que preenche as músicas de Kinsella. E quem consegue superar essas coisas assim, facilmente?

 A estreia do Owen não é perfeita- porém poucos discos realmente são. Mas podemos dizer que é um belo estudo sobre momentos bem específicos da vida. Entre idas e vindas, nos deparamos com elementos que surpreendem por dizer tanto sobre nós, sobre nossa história. Kinsella pôde sair por debaixo da aba tradicional do indie rock e se entregar à uma espécie de pop sem muito apelo comercial (quase nulo, na verdade). Autodidata, se estabelece como alguém com capacidade quantitativa de criar ótimas canções. Não é uma música panorâmica, mas tem um apelo interno enorme. E é dentro de nós mesmos que identificamos todos os temas que o álbum passa, uma variedade interessante que comprova com somos plurais e in- significantes (no sentido de signos não serem o suficiente). Se fizermos uma genealogia, pouco dirá sobre porque agimos da maneira que agimos. E é com esse espírito, de tão pouca sabedoria, mas ainda assim uma necessidade enorme de expressão, que a estreia do Owen impõe.

II


A vida de Mike Kinsella, por negar muitas entrevistas, seria um mistério se não fossem suas músicas com abordagem totalmente explícita. O artista representa a emergência da cena independente na década de 90 em Chicago e fez parte de bandas seminais; Cap’n Jazz, Owls, American Football- o engraçado aqui é como os trabalhos encabeçados por ele são muito diferentes dos quais cujo ele é “apenas um integrante”.

A primeira sinalização disso foi seu excelente trabalho no American Football. Owen é um uma continuação óbvia disso. Como numa isolação criativa, todos os instrumentos são tocados por Mike. Por isso, ao se habituar a preferências estéticas, as conexões entre letras, nomes das músicas, nos sentimos confortáveis quando colocamos sua música- como numa conversa com um velho amigo acompanhada de algumas bebidas.

Não apelando a uma espécie de “purismo nas letras”, mas há muitos, demasiados “fucks” nesse disco e parece que, embora uma de suas letras mais lindas esteja aqui (Everyone Feeels Like You), amaldiçoar outras pessoas pelos seus fracassos tornou-se mais importante do que a capacidade de histórias ainda assim abstratas e reflexivas e densas. A mistura entre música independente, construções acústicas, letras emotivas e um rock ambientado o pontua, no entanto, como alguém que sabe muito bem o que está fazendo- quer gostemos ou não. Como eu-lírico, Mike destrói a imagem de herói- não há coitadismo algum!

No Good for No One Now [2002]
 Ouvindo isso, no inverno de 2014, tento pensar porque essa espécie de “mudança” no formato das letras, mas sabem; eu não preciso saber disso, é um álbum que soa reconfortante com a insistência no bom e velho “indie rock” suave. São pequenos espectros poéticos alinhados a uma sonoridade muito pessoal e íntima. Uma espécie de sistema de avaliação interna rendido a uma força maior: a necessidade de expressão.

III

O medo do abandono, a necessidade de reconforto, repetir os mesmos erros- todos são elementos encontrados no coração da obra de Kinsella, e aqui longe de relatar tudo com autopena e comiseração, temos a antecipação do conflito, uma cruel honestidade acerca de nossas motivações mesquinhas. O elo com I Do Perceive vai se familiarizar após consecutivas e despreocupadas ouvidas, onde suavemente os vocais de apoio –sussurrados- vão se formular em seu subconsciente, deixando cada vez mais o disco melhor aproveitado.

Em I Do Perceive, eu encontro um companheiro, não numa espécie de “compreensão” da vida ao qual há muito desisti de procurar, mas uma forma de aceitação do que é imposto, entre bons e maus momentos, reflexões isoladas ou um dia cheio de sorrisos com pessoas que você gosta- tudo isso em uma roda de situações que parecem nos por a teste sempre, tendo que provar aos outros e a nós mesmos (muito mais a nós mesmos) que merecemos momentos felizes. No decorrer do álbum, passamos por essas múltiplas localizações- afetos banais, terrenos, alcoolizados- onde a intensidade do nosso pequeno universo que chamamos de mundo, da pressão que é viver, formata músicas propícias aos questionamentos, aos pensamentos, ou quando não queremos nos incomodar.

Algumas das canções aqui têm um poder devastador- seja nas transições entre o acústico, o elétrico e as passagens ambientadas por sintetizadores- as letras situam uma compreensão amarga do indesejado, o reconhecimento de esforços patéticos para deixar essa merda um pouco mais suportável, e por isso, justamente por abranger sensações que pulsam em nosso íntimo, que esse disco pode ser considerado apropriado para qualquer estação- mas saiba que você vai lidar com densidade, lembranças não tão boas, “por que eu fiz isso, por que fiz aquilo?” e também pequenos oásis reconfortantes, tranquilos e prazerosos. Saímos sabemos mais de nós mesmos- se nos conhecemos melhor, é outra coisa.

I Do Perceive [2004]
Essas são percepções de um homem que decidiu aceitar a vida- um sim às implicações invariavelmente trágicas que formulam um ser humano, a noção do lugar que ocupa e sua pequena importância no “esquema das coisas”- e suas realizações cotidianas, a importância de pequenos acontecimentos. É a pós-experiência convergida em música. O que passou precisa ser analisado, revivido para ser modulado em uma linguagem bem própria.

IV


A vida musical de Mike Kinsella consiste muito em sua aposta nas letras brutalmente honestas, composições instrumentais complexas e reconfortantes. Seu talento sempre me magnífica e surpreende- não nos esqueçamos de que aos doze anos ele já estava tocando no lendário e seminal Cap’n Jazz- e com o passar de sua carreira, criou uma sofisticada ambiência própria, que repercute suas inquietações mais íntimas.

O caminho que tomamos aqui é simplesmente imprevisível, a variação entre os instrumentos de corda, o violão dedilhado, os interlúdios do piano, a cada momento temos uma nova abordagem de diferentes perspectivas musicais sobre o tema que a música se debruça, revelando uma angústia melancólica de um Mike que parece mais um velho conhecido, algum vizinho reflexivo ou um irmão mais velho, relatando suas decepções, pensamentos. São concepções que mais indagam do que afirmam, coisas como autoimagem, automotivação, amor, perdas, frustração, aceitação.

As letras são simples, porém tão profundas e pessoais, criando imagens deslumbrantes onde acompanhamos Mike como um andarilho em um terreno ligado às suas palavras e emoções, uma entrega incrível de alguém que discorre sobre temas cujo quais claramente se debruçam ao longo de muitas e muitas horas solitárias pensando sobre. Acumula-se essa “sinceridade brutal” citada anteriormente com um som depurado, minimalista e sofisticado, temos essa elegante paisagem.

É um caminho onde as experiências são potencializadas quanto assim pedem; variações sempre acompanhadas do instrumental relaxante e calmo, ainda assim muitas vezes triste e melancólico. O lar descrito no título abriga todas essas disparidades, como uma família, passa por transtornos, tempestades- uma estrada que analisada enquanto linguagem estética é bonita por explorar cada canto desse lar, qualquer nuance íntima.

Pode ser engraçado falar que é um disco para “se aventurar”, mas é isso mesmo que exige; calma e contemplação seja qual for a situação, temos que nos perder no bosque para encontrar a cachoeira, invariavelmente, podemos nos desencontrar para sempre. A dinâmica de expor o que experimentou legitima a música de Kinsella. Nesses termos, é uma jornada onde os passos são imprevisíveis, mas o que não é?

At Home With Owen [2006]
V

Dividindo a glória de suas delicadas dedilhadas com vastos panoramas sonoros, inserção de piano, cordas e sopros, o refinamento e a evolução do Owen desde o primeiro álbum, que é muito mais íntimo, para um som mais completo, ainda assim dirigido por um único homem, revela Mike totalmente confortável e consciente de sua capacidade enquanto compositor. Deixando clara sua importante contribuição para o movimento independente.

O intervalo de três anos do lançamento do último disco se deve ao fato dele ter se casado ao nascimento da filha, implicações que estão claras no desenvolvimento das letras, mas Mike não perde o senso de cinismo autodepreciativo que é sua marca desde o início desse projeto, lamento sobre noites solitárias e como ele sempre acaba ferrando com tudo. Essas concepções que marcaram sua obra aparecem aqui com a mesma sinceridade com a qual nos acostumamos.

Se no fim do disco surge a dúvida sobre o suposto fim da carreira de Mike (dois anos depois, saberíamos que não), pois este reclama dos idiotas que pagam para vê-lo tocar e só cospem em sua face, parece realmente óbvio sua nova direção em não criar ambientações tão longas, e que ele ama realmente fazer música. São canções que invocam nostalgia. Sobre estar cansado em reiterar os mesmos caminhos, ao mesmo tempo surpreso com a quantidade de coisas significativas que colhemos nele.

VI


Com as dúvidas deixadas em New Leaves (Mike continuaria mantendo o nível, após estar casado e ter uma filha, e depois de ter praticamente se derramado em Curtain Call, onde falava que estava cansado de tocar?); muitos fãs pensaram que o Owen estava em uma espiral decrescente, mas o que ocorreu foi o contrário, Mike soube manter a elegância e a alta categoria tão características em sua sonoridade.

A grande variedade de instrumentos continua- inclusive os contrastes talvez estejam mais nítidos, por exemplo, o som obscuro do violoncelo em uma música, os violinos mais tranquilizantes na outra, o piano para acompanhar os delicados vocais harmônicos, um canto em coro. Em termos gerais, não é muito diferente dos outros álbuns, mas vale notar o que esses registros compartilham em comum: a construção muito detalhada para cada canção, onde a criatividade autoral de Mike fica evidente.

Ghost Town [2011]
Kinsella tem amplo domínio do conteúdo lírico do álbum, o que não é nenhuma surpresa desde American Football- aqui, ele questiona a existência de deus, conta histórias e continua exibindo sua intimidade. Sua discografia está abarrotada de letras emocionais e com um senso de localização ínfima no mundo. A mistura das mais diversas influências pode ser notada em cada arranjo, onde a orientação rítmica nos leva a lugares contemplativos, e a meditação de nossos atos reverbera em nossa mente. Cada palavra e cada acorde são substanciais na construção desse disco.

Embora o clima de “seriedade” seja o que chame mais a atenção no disco, Kinsella é um rapaz realmente engraçado e se permite, mesmo nas canções mais densas com temas profundos, tirar sarro- o que desvia sua música de lugares comuns. Recorrendo as diversas facetas que de fato exibimos. Parece que o conceito de “contemplação total” é o muro que muitos compositores esbarram às vezes, esquecendo-se de quem são para formular uma música “ideal”, e que talvez cause uma redução não somente para as potencialidades da criação, mas também para interpretação. A ausência de uma necessidade (a não ser a de se expressão com uma sinceridade brutal, como já foi dito), é o que guia as melodias de Mike, seus lugares são tão incertos como suas sensações. Não há diferença entre falar sobre sua filha que acaba de nascer ou sobre suas noites de bebedeira. Porque simplesmente isso é vida, sem o olhar da medida que domina a música contemporânea, temos um espaço mais livre, onde a necessidade de registrar é mais forte. As armadilhas do Owen são os instrumentais “sonhadores”, no lugar em que a textura delicada nos imerge em diferentes estados quase palpáveis, para, depois, Kinsella utilizar sua habilidade como escritor para nos manter em suspensão. Fica difícil não se identificar. E é justamente a existência dessas disparidades, desse mundo tão violento e delicado, complexo e superficial, que brota a música do Owen, porque todas essas coisas precisam ser evidenciadas.

Parece que o avanço da idade não consegue rivalizar com a progressão musical de Kinsella, e embora os outros álbuns possam ser seu favorito, no seu sexto lançamento Mike mantém o nível de qualidade lá em cima, mostrando que com sinceridade e sentimento já dá pra fazer muita coisa. Podemos perceber como a música irremediavelmente sólida é criada e levada a sério, potencializada pelos momentos díspares da vida- uma espécie de desenvolvimento que, quando olhamos para trás, nunca sabemos como realmente melhoramos. Prefiro continuar acreditando nos rastros.

VII

L'Ami du Peuple [2013]

Assim como Mike (que na época do lançamento do disco já morava com seus dois filhos, numa típica casa suburbana norte-americana, e estava casado) parece que a música do Owen encontrou sua zona de conforto e não tem nenhuma razão especifica para sair dali, o projeto mais pessoal de Kinsella (afinal o rapaz coordena tudo) completou doze anos com absoluta clareza de onde pode chegar e qual lugar consegue ocupar.

Porém, em L’Ami, Kinsella conseguiu reunir diferentes estilos, e tomar posse de uma quantidade significativa de instrumentos, no que ainda claramente é o Owen, e nessa “festa”, visualizamos sua enorme noção de música- os pianos ragtime, a puxada mais country em Bad blood, as lindas sessões de cordas- elementos díspares que se congregam para estilizar a visão que Mike tem das coisas que o cercam.

Nesse decurso de corporificar partes alheias de gêneros, Mike não nos deixa esquecer que estamos tratando de Owen, o que não é nada ruim- L’Ami Du Peuple ainda é uma coleção de canções do Kinsella, onde ele se debruça em suas bases acústicas, sendo muito coerente com seu trabalho musical anterior.

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