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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Rec On Mute -Hereafter [2014]

A vela só existe porque a escuridão está lá. A vela é apenas um símbolo de luz para nos lembrar da ignorância à qual nós somos arremessados. Como nossos erros pretéritos, que às vezes vêm como vertigem e escapatória do “real”, às vezes, como elemento que alimenta nossa angústia. Os momentos somem, as velas apagam. Uma música definida como “noise rock” não necessita de elementos que fujam a certa esquemática moderna. Seria besteira falar dos rumos que a música tomou nesse inicio de século e sua plena proliferação em vários sentidos. Mas parece ser- sinceramente- uma das poucas coisas que quebra esse muro de concreto rígido que é a vida contemporânea- com suas chateações, inquietações e milhares de frustrações.

Os sons do Rec On Mute (sempre acertando muito na afinação e nas microfonias) se entrecruzam e soam às vezes como unidade específica- os vocais bem quietos, divagando junto com as frases da guitarra. Outras, um ou outro instrumento ganha notável destaque e nos deparamos com uma produção acertada e surpreendentemente clara e polida para um primeiro lançamento. Como as nuvens que se movem no céu, como peças que às vezes simplesmente completam a paisagem, e em outros momentos estão cinzas e anunciam a tempestade.

As expressões caem para os “gêneros” alternativos que eu mais aprendi a gostar nos últimos anos. Dynamo é um bom exemplo da transição “post-rock-grunge”, nos contando a singela história de um garoto que deseja “apenas ir embora”. A música cai para um interlúdio bem atmosférico e a afinação refinada dá a graça. Uma banda como notável repertório e, mais do que isso, com noção clara do “colocar” em cada parte da estrutura musical.

Hereafter se constrói pelas incertezas líricas. As músicas são mais questões sobre; tempo, pertencimento e escapar. É oferecido ao ouvinte, entre distorções e alternâncias de ritmo, um tênue universo em que as distorções e sua potência reforçam mais a sensação de inospitalidade no lugar físico que ocupamos.


Um ciclo- parece, entre “choros e sorrisos” e tudo que temos entre esses opostos. Se fisicamente nosso espaço é limitado, as possibilidades dentro da música do Rec On Mute se mostram mais audaciosas. Entre os riffs mais pesados e os versos mais elegantes, há uma iminência. Estamos em um plano onde os afetos -assim como esmagar o que nos afeta- são possíveis.

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