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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

A Silver Mt. Zion - Fuck Off Get Free We Pour Light on Everything [2014]


Thee Silver Mount Zion chega ao pico de expressar suas ideias como forma de arte, provando ser uma banda totalmente livre. Fuck Off Get Free We Pour Light on Everything marca a maior conquista do conjunto, no mínimo, nos últimos nove anos.

Logo no início somos apresentados à intensidade carregada e bem arranjada do Mount Zion. Seria dificílimo encontrar um gênero para descrevê-los, post-rock é o que chega mais próximo, por causa do clima carregado e as longas sessões instrumentais. A música dá uma grande sensação de crueza, pelas partes em que guitarra e violino são “aranhados”. Os instrumentos dispersos, cacofônicos, nunca se encontram, criam sua própria distorção em uma bela parede sonora. Talvez isso seja o porquê da banda ser caracterizada como post-rock. Mas há um vazamento que o grupo ainda não havia explorado que torna Fuck Off Get Free We Pour Light On Everything o trabalho mais completo do conjunto.

A construção de Efrum Menuck na guitarra é bastante singular, e é justamente isso que abre Fuck Of... A primeira faixa resume bem o resto do disco, violino em constante desacordo ressonante com a imersão das guitarras. Essa música, ainda assim, vai por um caminho indefinido, sempre nos surpreendendo. É com certeza a canção mais “pé na porta” que a banda já fez, terminando em meio tempo e deixando a sensação de “porra, o que vai ter agora?”... E a resposta é nada mais, nada menos, que Austerity Blues, absurdamente selvagem. Uma canção que é oposta do “lugar comum”, via de regra post-rock (aquela especificação de construção, clímax, outro). É aí que eles mostram onde acertaram, embora a música tenha em comum a “crueza” que tinha a antecessora, é mais lenta, equilibrando bem a ordem de escolha. No apogeu dessa cacofonia, a percussão brilha. Para a banda derrubar, na sessão instrumental, tudo que tinha construído, reduzindo a arquitetura a pó.

A impressão que Fuck Of deixa, é de assimetria, uma desproporção abissal entre as faixas que constituem o disco. Temos a primeira metade mais enérgica e contundente, e a segunda parte bem cadenciada; sem correspondente vigor. A faixa que encerra a primeira metade, “Take Away These Early Grave Blues”, é a musicalmente mais variada. Embora a construção não seja tão elaborada quanto às antecessoras, seus muitos apontamentos abrandam os caminhos. Little Ones Run abre a parte mais sentimental e bonita do disco. “What We Loved Was Not Enough,” é o ápice do álbum, um grande hino. Como em uma peça de teatro, invoca a tragédia enquanto estratégias são repetidas, circulando ao redor do epicentro da música. Vocais de apoio ficam iterando “E o dia surgiu onde nós não sentimos mais”. Poucos momentos musicais foram tão aprimorados.

Fuck Off é o melhor trabalho até agora do Mount Zion. Em cada registro a banda tinha leves falhas para alcançar a estética proposta, lógico, isso em termos da grandeza que o conjunto alcançava em alguns momentos. Dessa maneira, há algo arraigado, mais denso, que está presente em todos os pontos nesse álbum. Fuck Off é uma grande, espetacular, passional experiência, que implora para ser ouvida.

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