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sábado, 14 de dezembro de 2013

Courtesy Drop- Songs To Drive To; Cry, and Make Love To [2013]



“Cada vez mais, os canais de produção estão sob o controle de burocratas, cujo objetivo é destruir o artista ou, ao menos, castrá-lo.” George Orwell

Para nos lembrar de que o emo pode e deve ser bem feito

Vou tentar não falar sobre o tão chamado “revival” que muitos grandes sites têm noticiado. Porque, embora certamente o Courtesy Drop tenha uma sonoridade muito semelhante às bandas que adoramos do fim dos anos 90 e início de 2000, eles assumem tendências atuais sem apresentar clichês convencionais, incluindo elementos de post-rock e rock alternativo no geral.

Pode-se afirmar que entrega é o ponto forte da banda, desde as canções mais violentas e rápidas até os interlúdios e partes acústicas, os integrantes tocam e cantam passionalmente, incorporando as letras.  A dinâmica é quieto-barulhenta de bandas como Knapsack e Mineral. A energia só vai surgir depois de termos atravessado um deserto de inquietações líricas que realmente nos arremessam para o núcleo de reflexão que as canções propõem. As músicas tem toda a construção bem estabelecida; construção, refrão, outro, introdução- o que não significa, de forma alguma, que seja um disco monótono, este se garante pela variação de possibilidades que o conjunto oferece. Embora reflexivas e com certas nuances depressivas, as letras optam pelo prisma positiva, como se alguém tentasse se recuperar dos constantes socos da vida. Como já deixei claro antes, a entrega do vocalista deixa as letras gravadas na pele, cicatrizes que precisam ser exorcizadas.

As canções são carregadas por um valor verdadeiro, a música avança com bateria pontual acompanhada pela liderança do vocal delicado. As seções agressivas também surgem com explosões insanas das guitarras, com oitavadas no melhor estilo hardcore. As progressões dos acordes garantem o trânsito entre construções instrumentais muito parecidas com o pós-rock.

Apesar de o álbum conter mais de 50 minutos (o que é muito considerando o gênero musical), não é possível ficar desinteressado, em função da organicidade coesiva e, ao mesmo tempo, variações interessantes. Por exemplo, algumas faixas acústicas ou mais “ambientes”, quebram o clima oitavado e meio-tempo do disco. Porém estas são em pouco número, destacando as músicas com mais progressões e estilos rítmicos. Não há jeito melhor de terminar um álbum com conteúdo tão introspectivo do que cinco canções instrumentais reflexivas.

Os ouvintes por dentro do gênero ficarão fascinados pela variação e marca própria elaborada pelo Courtesy Drop. Há muito para se apreciar aqui, como se encontrássemos amigos de longa data depois de certo tempo sem contato. Um futuro promissor se apresenta para a banda, porque certamente sempre existirão jovens infelizes com a realidade manufaturada.

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