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sábado, 9 de novembro de 2013

Tim Berne's Snakeoil - Shadow Man ( 2013)

“A memória já não pode ser inocente, o passado se tornou amargo”, Alejandro Zambra.

Esperar algo lógico das composições do Berne já se mostrou estupidez- maneira de dizer, talvez, porque já esperamos dele inesperados arranjos e circulações tortas, que por vezes emprestam um tema e brincam dentro deste, ou descarregam para o livre improviso na melhor tradição europeia. Uma aventura extremamente única cada vez que piano e saxofone interagem, seguramente despontando para diversas possibilidades de aterrissagem, porque de algum modo quando entramos em Shadow Man, já alçamos voo, embora não percebemos.

O vibrafone de Ches Smith constrói uma atmosfera lúdica. As melodias crescentes se cruzam, para o saxofone de Berne abrir um dialogo catártico com as notas dispersas do piano. Não é exagero comparar a liberdade do saxofone com uma tela sendo pintada pela pura inspiração, contendo passagens mais concentrado-intimistas em que a razão dita às notas, assim como liberdade total para momentos de pura intensidade! Elementos tão bonitos e delicados que ganham corpo até formar uma disfunção enquanto música lógica. Para se perder, nos sussurros do saxofone, nas aceleradas do piano, na bateria que por vez ou outra resolve chamar a atenção, ou no clarinete de Oscar Noriega que cria um atrito decididamente bucólico entre todos os instrumentos. A discografia de Berne ganha outra grande obra, dessa vez, um pouco mais impecável que as outras.

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